Antonio Temóteo
postado em 18/01/2017 06:00
Pelo menos 50 casos de corrupção são investigados pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF) desde julho de 2016 nas operações Sépsis, Greenfield e Cui Bono. O que mais chama a atenção dos investigadores é que o ex-deputado Eduardo Cunha, o ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto, o empresário Lúcio Funaro, acusado de ser operador do parlamentar, e a empresa Eldorado, controlada pela J, dos irmãos Batista, são citados em todos os inquéritos. Uma força-tarefa com apoio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), da Receita Federal e do Banco Central (BC) foi criada para apurar todos os esquemas que podem ter movimentado R$ 15 bilhões em liberações de empréstimos e aplicações dos fundos de pensão.
Para os investigadores, a atuação dos supostos criminosos tem correlação com investimentos dos fundos de pensão, do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS) e de financiamentos liberados pela Caixa Econômica Federal. Eles detalham que a coincidência das aplicações das entidades fechadas de previdência complementar, com aportes do FI-FGTS e a liberação de financiamentos da Caixa, apontam para decisões políticas, em troca de propina. Além disso, procuradores e delegados acreditam que as avaliações de riscos e supervalorização de ativos são comuns na maioria das operações aprovadas.
As investigações são coordenadas pela Procuradoria da República no Distrito Federal (PRDF). O procurador Anselmo Henrique Cordeiro Lopes comanda os trabalhos e, segundo o Correio apurou, ele pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR) desabono de 80% dos trabalhos que acumula para cuidar exclusivamente das operações em curso. Além dos 50 casos, ele assume algumas procuradorias quando os colegas estão de férias.