Paulo de Tarso Lyra
postado em 28/01/2017 07:20
A cinco dias da eleição do futuro presidente da Câmara, cresce o jogo de intrigas e pressão entre os principais postulantes ao cargo: os deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ), Jovair Arantes (PTB-GO) e André Figueiredo (PDT-CE). O vencedor herdará o direito de administrar um orçamento de R$ 5,9 bilhões, o equivalente a 10% do montante total de recursos controlados pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). Mas o tucano tem que cuidar de uma população de 12,02 milhões de pessoas. No caso da Câmara, são: 590 deputados; 3,1 mil servidores concursados; 1,6 mil cargos de natureza especial e 10,1 mil secretários parlamentares.[SAIBAMAIS]Além disso, o presidente da Casa controla a pauta de votações em plenário, decide pela abertura de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) e resolve se aceita ou não a abertura de um processo de impeachment contra o presidente da República. Não por acaso, os dois presidentes da República que foram afastados na história recente da democracia brasileira ; Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff ; tinham uma péssima relação com o parlamento. No atual momento político, o cargo é ainda mais atraente: o presidente da Câmara tornou-se o primeiro nome na linha sucessória.
Adversários do presidente da Câmara e candidato à reeleição, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tentam as últimas cartadas para diminuir o favoritismo do demista. Eles entraram com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar impedir que Maia presida a sessão de votação e pressionam parlamentares lembrando que o parlamentar fluminense pode ser citado na Operação Lava-Jato, especialmente nas delações da Odebrecht. E afirmam que a Casa poderia reviver o pesadelo do afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da cadeira de presidente.
;Um presidente de Câmara que seja réu no STF não consegue andar muito longe não. Meu Deus do céu, já imaginou vivermos a mesma cena;, ressaltou o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson (RJ), aliado do candidato do PTB ao posto, Jovair Arantes (GO). ;Existem os mesmos rumores em relação ao Senado. Seria péssimo termos como primeiro nome na linha sucessória o presidente do STF;, completou o político.
Candidato dos sonhos
A tropa de Jovair também aposta que, se quiser ter êxito, Maia precisará ganhar em primeiro turno. Se isso não acontecer, parlamentares que ficaram amarrados na primeira disputa, a pedido dos líderes dos partidos, poderiam migrar os votos para Jovair. O petebista goiano é muito bem-visto entre os deputados do chamado baixo clero ; além de ser considerado o candidato dos sonhos dos servidores, embora esses não votem.
Também existem dúvidas sobre qual o caminho será adotado pelo PT. A cúpula partidária defende a formalização de apoio para alguns dos candidatos já colocados. Mas a esquerda petista e os movimentos sociais se recusam a alinhar-se com parlamentares que promoveram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A bancada do PT deve se reunir amanhã em Brasília para decidir o futuro.
;Isso tudo é choro de quem não tem voto para ganhar;, atacou o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM). Ao longo da última semana, Maia consolidou os apoios do PSD, do PRB e do PV. Na quinta-feira, depois de encontro com o presidente Michel Temer, Jovair destacou que Rodrigo Maia, por duas vezes, tentou derrubar o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Em 2002, antes de ser indicado presidente do Banco Central no governo Lula, Meirelles elegeu-se deputado pelo PSDB de Goiás. ;Acho que o Rodrigo não gosta de goianos;, brincou Jovair.
"Em vez de tentar apresentar as próprias propostas, eles tentam denegrir a imagem do adversário"
Pauderney Avelino (AM), líder do DEM na Câmara
Orçamento de 2017
R$ 5,9 bilhões*
3,1 mil servidores concursados
1,6 mil cargos de natureza especial
10,1 mil secretários parlamentares
* A título de comparação,orçamentos de 2017
São Paulo, com 12,04 milhões de habitantes, R$ 54,69 bilhões
Rio de Janeiro, com 6,32 milhões de habitantes, R$ 46 bilhões
Distrito Federal, com 2,99 milhões de habitantes, R$ 28,7 bilhões