postado em 31/01/2017 07:08
Quase dois meses após a assinatura dos acordos, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, homologou as delações premiadas de 77 executivos da Odebrecht. Os depoimentos, mantidos sob sigilo, foram remetidos ainda ontem à Procuradoria-Geral da República (PGR), que dará prosseguimento às próximas etapas da investigação.
[SAIBAMAIS]Ontem, o procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, reuniu-se com Cármen para buscar pessoalmente os documentos, mas evitou tecer comentários sobre a delação. Janot disse que "não é hora" de falar a respeito. O procurador também não informou se pedirá a quebra do sigilo dos depoimentos. Nesta etapa, a Justiça só pode autorizar o fim do segredo se houver um pedido da PGR.
As delações atingem em cheio a cúpula do PMDB e podem até duplicar o tamanho da Lava-Jato. Ontem, Temer, que é citado nas delações, elogiou a decisão de Cármen. "Acho que a presidente Cármen Lúcia, que até tinha preanunciado sua decisão para hoje ou amanhã, fez o que deveria fazer. E nesse sentido fez corretamente", disse. O presidente ainda disse esperar que não haja vazamentos. Os depoimentos de executivos da Odebrecht incriminam tanto atores principais do governo do PT, quanto do governo do presidente Michel Temer e líderes do PMDB no Congresso.
A condução do processo no Supremo ficará a cargo do próximo relator. Cármen deverá definir até amanhã, quando o Judiciário volta do recesso, a forma que fará a escolha. A tendência é que haja um sorteio na segunda turma, da qual Zavascki fazia parte, para determinar o novo responsável pelo processo. Compõem o colegiado Celso de Mello, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowiski. Um ministro da primeira turma também pode ser transferido para a segunda. Há a expectativa de que Edson Fachin o faça.