Politica

Novo presidente do Senado, Eunício é visto pelos colegas como "pacificador"

Na opinião de pessoas próximas, o Senado, a partir de hoje, "sai do estilo confronto e passa à conciliação"

Natália Lambert
postado em 02/02/2017 06:46
Charge do presidente do Senado Eunício Oliveira
Vaidoso, o novo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), 64 anos, chegou ao Salão Azul, na tarde de ontem, de gravata azul, cabelos escovados e uma maquiagem um tanto exagerada. Cerca de duas horas antes, a equipe do político preparava o cenário para recebê-lo em frente à presidência da Casa e trocava o púlpito ; por um mais vistoso ; em que seria concedida a mais importante entrevista da carreira do senador de primeiro mandato.

Na opinião de pessoas próximas, o Senado, a partir de hoje, ;sai do estilo confronto e passa à conciliação;. Com tom de voz baixo, Eunício é definido pelos colegas como um pacificador. Um político que sabe negociar, ouvir os lados e, pelo menos na maioria das vezes, não leva desavenças para o lado pessoal. Apesar de tal postura, um assessor lembra que ele é nordestino, e obviamente, o ;sangue quente corre nas veias;.

[SAIBAMAIS]Para Antonio Augusto Queiroz, o Toninho do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Eunício não tem a frieza e a firmeza do ex-presidente Renan Calheiros (PMDB-AL). ;Ele tem mais trânsito na bancada e é menos turrão. Mas é mais inseguro e sujeito a cair em provocações;, comenta.

Eleito em 2010, após três mandatos como deputado federal, Eunício ascendeu rapidamente, entrou para o grupo dos poderosos e ocupou funções importantes, como a presidência da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e a liderança do PMDB. Já na eleição mostrou a que veio: protagonizou a primeira derrota eleitoral de Tasso Jereissati (PSDB), ferrenho adversário do governo à época. Com 2.688.833 votos, 36,3% dos válidos, conquistou a primeira vaga, em uma campanha de R$ 7,7 milhões. A outra ficou com o petista José Pimentel. O feito fez com que o ;Índio;, da pequena cidade de Lavras da Mangabeira (CE), caísse de vez nas graças do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A ocasião não foi a única em que Eunício esteve ao lado de Lula. Líder do PMDB na Câmara, em 2003, ele enfrentou a resistência de peemedebistas graúdos na Casa ; entre eles Geddel Vieira Lima ;, se impôs e bancou o apoio do partido ao governo do então presidente. Formou com Aldo Rebelo e Eduardo Campos um trio de sustentação de Lula na Câmara que permitiu as primeiras ações do governo petista. Como recompensa, foi nomeado ministro das Comunicações em 2004. Ironicamente, anos depois, o senador participou de mais um trio ; desta vez, com Geddel e o correligionário Eliseu Padilha ;, responsável por conduzir o presidente Michel Temer à Presidência da República. Mesmo tendo sido um dos principais articuladores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, alguns petistas ainda defendem gratidão ao senador. Atribuem a ele e a Renan a gambiarra que afastou a petista, mas a manteve com os direitos políticos.

Família

Filiado ao PMDB desde 1972, Eunício Oliveira é respeitado no partido desde o começo por ser genro do ex-presidente da Câmara Antônio Paes de Andrade. Casado há quase 40 anos com uma das filhas do político, Mônica Paes de Andrade de Oliveira, o até então empresário começou a vida pública por influência do sogro. Segundo pessoas próximas, desde 1998, quando se elegeu pela primeira vez, é só político. ;Ele nem sabe onde ficam as empresas. Fica tudo nas mãos dos sócios. Ele agora só faz o que ele gosta;, comenta um ex-assessor e amigo há 35 anos. Não é bem assim, entretanto.

É que, apesar da ;pouca importância; das empresas, elas, segundo declaração entregue pelo parlamentar à Justiça Eleitoral em 2014, quando concorreu ao governo do Ceará, renderam ao senador um patrimônio de R$ 99 milhões. Quatro anos antes, ele declarou patrimônio de R$ 36,7 milhões. As duas principais empresas do peemedebista ; Confederal Vigilância e Transportes de Valores e Corpvs Segurança ; têm contratos de R$ 703 milhões com bancos da União.

Descrito como um homem ligado à família, o senador gosta de acordar cedo, ler os jornais do dia e se exercitar na esteira. Aos domingos, fica em casa com a mulher e os quatro filhos: Manoela, Marcela, Rodrigo e Maria Eduarda. Eunício gostaria que filho seguisse os passos na política, mas, até agora, ele não demonstrou interesse. Carreira da qual a mulher também gostaria que Eunício não se dedicasse mais, já que ele ;não tem vida;. Quanto à delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho à força-tarefa da Operação Lava-Jato, de que teria pago R$ 2,1 milhões em propina para Eunício, a resposta do senador é ;zero preocupação;.
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