Não bastasse ter o maior número de ministérios e empresas estatais da Esplanada, o PMDB articula com o Palácio do Planalto a criação de mais um espaço de poder na Câmara dos Deputados para acalmar os parlamentares do partido. Apesar de nunca ter existido, uma brecha no Regimento Interno permite a instituição da Liderança da Maioria na Casa, e o presidente da República, Michel Temer (PMDB), vê no novo posto uma forma de evitar um racha nas legendas da base aliada, que brigam pela indicação do líder do governo.
A fatura para saciar a sede dos peemedebistas pelo poder, porém, não sairá barata: se a nova função tiver uma estrutura similar à do líder da minoria, serão 10 novos cargos por um custo de R$ 68 mil mensais; caso tenha o mesmo orçamento que a do líder do governo, serão 12 cargos de confiança e uma despesa de R$ 161 mil por mês.
[SAIBAMAIS]A disputa para falar em nome do Palácio do Planalto no Parlamento vem desde o fim do ano passado, quando, nos bastidores, o PMDB já fritava o atual líder do governo, André Moura (PSC-SE). No começo deste ano, o PMDB declarou abertamente a guerra para derrubar Moura, muito ligado ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Temer, no entanto, não gostou da movimentação de seu partido e pretende manter Moura. E, para acomodar o PMDB, vê como única saída a criação do novo cargo, que ainda não saiu do papel, porque depende do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O chefe do Legislativo é resistente à ideia porque se aliou ao PMDB na tentativa de desbancar o atual líder do governo. Maia, contudo, deve ter que dar o braço a torcer, pois a intenção do Palácio do Planalto, é nomear nesta semana um representante da maioria. E os nomes mais cotados são o de Lelo Coimbra (PMDB-ES) e Darcísio Perondi (PMDB-RS).