Antonio Temóteo, Natália Lambert, Paulo de Tarso Lyra
postado em 22/02/2017 06:39
Com uma estratégia assertiva, articulada com senadores governistas, o ministro da Justiça licenciado, Alexandre de Moraes, enfrentou as mais de 12 horas de sabatina na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) com tranquilidade e garantiu a aprovação do colegiado ; em que 10 são investigados na Lava-Jato ; para a 11; cadeira do Supremo Tribunal Federal (STF) por 19 votos a 7. O nome de Moraes será submetido ao plenário na manhã de hoje, às 11h, e a expectativa é de uma nova vitória acachapante. A previsão é de que a oposição consiga reunir, no máximo, 12 votos contrários. Pressionado pela crise na segurança pública, o Executivo aguarda a confirmação para anunciar o próximo ministro da Justiça.
[SAIBAMAIS]A vitoriosa sabatina de Alexandre de Moraes na CCJ seguiu o script definido pela base do Executivo. Abafados pela maioria, oposicionistas não tiveram fôlego para tumultuar a sessão ou impedir a votação do indicado pelo presidente da República, Michel Temer. No início da sessão, que começou às 10h14, parlamentares da Rede, do PSol e do PT tentaram adiar a arguição questionando o fato de Moraes não ter informado que a mulher, Viviane Barci de Moraes, é sócia de um escritório de advocacia com seis ações em tramitação no STF. ;Se esposa não for parente, ninguém mais é. Houve clara omissão;, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O presidente da CCJ, Edison Lobão (PMDB-MA), indeferiu os pedidos. O questionamento irritou o sabatinado. ;Minha mulher advoga há 20 anos, e pergunto: ;qual é o problema?; Em virtude de cargos ocupados pelo marido, ela tem de ficar em casa, sem querer?; Ele prometeu que, se em algum momento houver conflito de interesses, vai se declarar impedido.
Em seguida, o relator da indicação, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), antecipou boa parte das perguntas polêmicas que a oposição poderia usar para desgastar Moraes com os questionamentos enviados pela sociedade pelo portal do Senado ou pelo telefone. Entre as mais de 1,3 mil perguntas registradas no sistema, Braga citou, por exemplo, as acusações de que o ministro advogou para pessoas ligadas ao PCC. O indicado detalhou que as afirmações fazem parte de um contexto de mentiras que surgem na internet e se espalham como ervas daninhas. ;Jamais fui advogado de ninguém do PCC ou a ele ligado;, assegurou.
Empréstimo de garagem
O ministro explicou que o escritório de advocacia atendia uma cooperativa de transporte público, a Transcooper, que tinha um deputado estadual como um dos cooperados e este teria feito uma reunião em uma das garagens com pessoas acusadas de conexão com a facção. ;Nada ficou comprovado em relação ao deputado. Nada ficou comprovado em relação à Transcooper, que emprestou a garagem. E nada em relação ao escritório, que não sabia da reunião, não sabia do empréstimo da garagem.;