Agência Estado
postado em 06/03/2017 15:39
O engenheiro civil Fernando Sampaio Barbosa, executivo ligado à Construtora Norberto Odebrecht, declarou nesta segunda-feira (6/3), ao juiz federal Sérgio Moro, que "a gente sabia" que o codinome ;Italiano;, que aparece em uma planilha de propinas da empreiteira, era uma referência ao ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda/Casa Civil/Governos Lula e Dilma).
O ex-ministro é réu da Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro. Palocci foi preso em 26 de setembro na Operação Omertà, 35.; fase da Lava Jato. A Procuradoria da República suspeita que Palocci recebeu R$ 128 milhões da empreiteira e que parte desse dinheiro teria sido destinada ao PT.
"A gente sabia que o ;Italiano; era o Palocci", declarou Fernando Barbosa, que prestou depoimento como testemunha de defesa do empreiteiro Marcelo Odebrecht (também réu no processo), por meio de videoconferência em São Paulo.
Moro o questionou: "A gente sabia quem?"
"Eu sabia", devolveu o executivo. "Eu tinha sido informado pelo Márcio Faria (outro executivo da Odebrecht)."
Nesta ação, também são acusados Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci, o próprio Marcelo Odebrecht e outros 12 investigados por corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro relacionados à obtenção, pela Odebrecht, de contratos de afretamento de sondas com a Petrobras.
O juiz da Lava Jato quis saber de Fernando Barbosa por que Palocci era chamado de ;Italiano; e não pelo nome. A testemunha declarou não saber.
O magistrado perguntou, então: "Italiano, quando se faz referência nesses e-mails da Odebrecht, é Antônio Palocci?"
"Eu tinha esse conhecimento", afirmou o empreiteiro.
Moro questionou o executivo sobre a maneira como Palocci estaria envolvido na compra de sondas.
Barbosa disse que "esse contrato" não fazia parte de seu escopo. "Provavelmente, era a relação que Marcelo tinha com ele. Mas eu não participava nem sugeri nenhuma estratégia nesse sentido."
No fim do depoimento, o advogado José Roberto Batochio, que defende o ex-ministro, questionou Barbosa sobre "ter ouvido dizer através de não sei quem que o ;Italiano; seria Antônio Palocci, pessoa que ele não conhece e com quem ele nunca esteve"
O executivo disse que "ouviu dizer por colegas da empresa que ;Italiano; era o Palocci". "Não estive com ele, não conheço ele. Essa é a verdade", afirmou.
Defesa
O criminalista José Roberto Batochio, defensor de Palocci, declarou taxativamente: "O sr. Fernando Barbosa jamais afirmou ter conhecimento de que ;Italiano; fosse Antônio Palocci. Induzido a falar que teria ouvido dizer que poderia ser Palocci ele acabou dizendo que teria ouvido de terceiros que o ;Italiano; poderia, entre outras pessoas, ser o Palocci. Isso é bem diferente de afirmar que Palocci era o ;Italiano;."
Batochio enfatizou. "Eu reitero que o sr. Fernando Barbosa disse que ;ouviu dizer de terceiros; que o ;Italiano; poderia ser Palocci. Ele esclareceu que não sabia de conhecimento próprio que ;Italino; é Palocci, que ouviu por terceiros na empresa."
O criminalista concluiu. "O filósofo Cujacio disse que ;o que não é inteiramente verdadeiro é inteiramente falso;. Eu digo: nada é mais verdadeiro."