Politica

Policiais ligados ao PPS deixam os cargos no Ministério da Defesa

Agentes pediram exoneração do ministério depois que área de inteligência das Forças Armadas se mostrou preocupada após a abertura de investigação na Polícia Civil do DF

Ana Maria Campos, Matheus Teixeira - Especial para o Correio
postado em 09/03/2017 06:10
Policiais deixam a Câmara Legislativa no dia da deflagração da Operação Drácon: distritais na berlinda

Os dois policiais civis ligados ao PPS deixaram os cargos no Ministério da Defesa. Eles despertaram o alerta da área de inteligência das Forças Armadas após a Corregedoria da Polícia Civil do Distrito Federal abrir procedimento para averiguar a ajuda prestada por um deles, Welber Lins de Albuquerque, à deputada distrital Celina Leão (PPS), investigada pela própria corporação. Em relação ao outro policial, Marcelo de Oliveira Lopes, há também a suspeita de envolvimento no escândalo de corrupção desbaratado pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.

Marcelo e Welber eram, respectivamente, chefe de gabinete do diretor do Instituto Pandiá Calógeras e assistente da Assessoria Técnica da Secretaria de Controle Interno. Eles foram flagrados nos áudios captados pela Polícia Civil por meio de escutas ambientes instaladas com autorização judicial nos gabinetes dos deputados distritais investigados pela Operação Drácon, que apura um suposto esquema de venda de emendas parlamentares na Câmara Legislativa. Na oportunidade, ambos ajudaram a parlamentar a colher um depoimento com o hacker do celular do governador Rodrigo Rollemberg (PSB).

Explicações

[SAIBAMAIS]Depois de o Correio revelar o incômodo dos militares com a presença dos dois apadrinhados do PPS, a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) resolveu pedir esclarecimentos formais ao ministro da Defesa, Raul Jungmann. ;O fato de o ministro ter a mesma filiação partidária que Celina influenciou no fato de Welber ter participado da oitiva realizada pela deputada? É prática do Ministério da Defesa o acolhimento de indicações políticas para o exercício de funções em postos estratégicos?;, questiona Kokay, no requerimento protocolado na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, na terça-feira. Ela também cobrou explicações sobre a participação de Welber na oitiva realizada por Celina: ;O ministro autorizou formalmente a liberação de seu subordinado para que o mesmo pudesse acompanhar a deputada?;.

Além disso, Kokay afirmou que apresentará, assim que as comissões permanentes da Câmara forem reinstaladas, um requerimento para convocar Jungmann para ir à de Relações Exteriores e Defesa Nacional. A intenção dela é que o ministro esclareça o caso. À época da Operação Monte Carlo e da CPI do Cachoeira, que apurava a influência do contraventor na política do DF e de Goiás, Marcelo teve ligações com representantes da Delta Engenharia, que participava dos esquemas de corrupção, interceptadas pela PF.

Marcelo, no entanto, garante que é inocente. ;Nunca fui intimado, nunca tive processo criminal. Minha ficha é totalmente limpa;, defende-se. Ontem, foi publicada no Diário Oficial da União apenas a exoneração de Marcelo. Ele, porém, diz que Welber também sairá do ministério. ;Ele também pediu para sair;, contou. Celina, quando procurada, afirmou que não indicou nenhum dos dois para a pasta e que se tratava de uma indicação pessoal de Jungmann. O ministério preferiu não se pronunciar.


"Nunca fui intimado, nunca tive processo criminal. Minha ficha é totalmente limpa;
Marcello de Oliveira Lopes, ex-chefe de gabinete do diretor do Instituto Pandiá Calógeras

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