Politica

Operação Lava-Jato mira Eunício, Renan, Valdir Raupp e Humberto Costa

Por ordem do STF, Polícia Federal sai às ruas para cumprir mandados no âmbito da Lava-Jato contra pessoas ligadas a políticos em Brasília, Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Maceió

Eduardo Militão, Ana Maria Campos
postado em 21/03/2017 09:56

Sede da Confederal em Brasília é um dos alvos dos mandados de busca e apreensão: empresa pertence a pessoas ligadas ao presidente do Senado, Eunício Oliveira

A Polícia Federal cumpre nesta terça-feira (21/3) mandados que atingem pessoas relacionadas aos senadores do PMDB Eunício Oliveira (CE), Renan Calheiros (AL) e Valdir Raupp (RO) e ao senador do PT Humberto Costa (PE). Os mandados foram ordenados pelo novo relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin.

São 14 mandados em 13 endereços em Salvador, Recife, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Maceió. Este é o primeiro desdobramento das delações premiadas de executivos da Odebrecht, como mostrou o blog "CB Poder", do Correio. Os alvos são pessoas e firmas ligadas aos quatro senadores. O nome Satélites faz referência ao fato de eles ;gravitarem; ao redor de pessoas com foro privilegiado no Supremo. ;O objetivo é investigar indícios dos crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro;, afirma nota da Polícia Federal.

A empresa Confederal, de propriedade de Eunício, presidente do Senado, é um dos alvos da Polícia Federal. Os agentes e delegados cumprem mandados de busca e apreensão na casa do presidente da empresa, Ricardo Augusto, e na sede da firma. Eunício foi incluído em ao menos um dos 83 pedidos da Procuradoria Geral da República (PGR) para investigar políticos acusados de crimes com base em delações da empreiteira Odebrecht.

Em Recife, um dos alvos da PF é o empresário Mário Beltrão, amigo de infância do senador Humberto Costa. O ex-gerente da Petrobras Carlos Alberto Ferreira afirmou que assinou cheques no valor de R$ 14 milhões para as empreiteiras nominais às empreiteiras Odebrecht e Schahin com destino à campanha do senado. Ainda segundo Ferreira, Mário Beltrão seria o operador do político. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou ao Ministério Público, em delação premiada, que parte das propinas extraídas do esquema de corrupção abasteceu a campanha de Humberto Costa. Pessoas próximas ao senador afirmam que Beltrão é apenas amigo do político, não sendo parceiro comercial e nem arrecadador de dinheiro para campanhas.

;Esta é a primeira vez em que são utilizadas informações dos acordos de colaboração premiada firmados com executivos e ex-executivos da Odebrecht;, informa a Polícia Federal. Os acordos foram acertados entre os delatores e a PGR no ano passado e, em janeiro de 2017, homologados pelo STF em janeiro. De acordo com assessoria do Ministério Público, ;não é possível divulgar detalhes sobre os procedimentos porque os termos de depoimentos estão em segredo de Justiça;.

;Caminho natural;

O advogado do presidente do Senado, Eunício Oliveira, disse que a abertura de inquéritos no Supremo é o ;caminho natural; das investigações sobre ;versões de delatores; de conteúdo desconhecido. No entanto, o defensor Aristides Junqueira destacou o fato de que o senador recebeu doações eleitorais em 2014, mas de forma legal. ;No ano de 2014, durante o processo eleitoral, autorizou que fossem solicitadas doações, na forma da lei, à sua campanha ao governo do Estado do Ceará;, afirmou o advogado, em nota nesta terça-feira (21/3). ;O senador tem a convicção de que a verdade dos fatos prevalecerá.;

A assessoria de Humberto Costa informou que a Polícia Federal pediu o arquivamento da apuração da Lava-Jato no STF sobre ele, ;por não encontrar qualquer evidência de irregularidade ao longo de dois anos de extensa investigação;. ;O senador ; que tem contribuído com as autoridades em todos os esforços necessários à elucidação dos fatos ; está certo de que a ação de hoje vai corroborar a apuração realizada até agora, que aponta para o teor infundado da acusação e da inexistência de qualquer elemento que desabone a sua vida pública.;

A reportagem não conseguiu contato ainda com as assessorias de Renan e Raupp.

Sétima ação ordenada pelo STF


Essa é a sétima ação ordenada pelo Supremo desde a deflagração da Operação, há três anos. Ao todo, já foram 57 fases determinadas por magistrados de Curitiba, Brasília, Rio de Janeiro, Recife, São Paulo, Goiânia e Porto Velho.

Três anos de Lava-Jato

Operação deflagrada em 2014 não para de crescer:
2014: 7 fases
2015: 17 fases
2016: 28 fases
2017: 5 fases
Total: 57 fases

Divisão por estado*
38 no Paraná

7 no Rio de Janeiro

7 no Supremo Tribunal Federal
2 em Goiás
1 em Brasília
1 em São Paulo
1 em Pernambuco
1 em Rondônia

* Embora a soma por estado resulte em 58 fases, são consideradas 57 porque a Descobridor, no Paraná, e a Calicute, no Rio de Janeiro, atingiram os mesmos alvos ligados ao ex-governador Sérgio Cabral, embora para apurar fatos diferentes.

Fonte: base em dados do STF, MPF, PF e Justiça Federal

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