A condenação do deputado cassado Eduardo Cunha não passou em branco entre aliados e rivais políticos no Congresso Nacional. Para opositores, ela servirá de exemplo para os companheiros do ex-presidente da Câmara. Já correligionários questionam os motivos de outros investigados na Operação Lava-Jato continuarem soltos.
[SAIBAMAIS]Nos corredores da Câmara, parlamentares avaliam que é questão de tempo Cunha fazer uma delação premiada para tentar reduzir a pena nos demais processos a que ainda responde. ;Essa é a primeira condenação de uma série;, disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), adversário político de Cunha.
Na avaliação do deputado, a punição deixará o "pessoal mais ressabiado", uma vez que o mundo político está se dando conta de que Moro não se inibe diante de personagens que já tiveram poder "Até sombra de formiga vai assustar", ironizou.
Delgado aposta que qualquer recurso da defesa de Cunha terá poucas chances de sucesso e que agora é a oportunidade dele assinar o acordo de colaboração premiada. "A delação dele agora o previne para o restante", observou.
A avaliação do deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) é de que a condenação do peemedebista é a prova de que os que defendiam sua cassação tinham razão. "Tomara que ele conte tudo o que sabe para que a gente possa passar a limpo o Parlamento", disse.
O deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS), aliado político de Cunha, evitou sair em defesa do ex-presidente da Câmara e preferiu não opinar por desconhecer o ;mérito da sentença;. ;Sem isso, não posso fazer uma avaliação antecipada;. Mas, para ele, é ;estranho; que outros investigados não tenham sido condenados.
;Eu continuo considerando estranho o fato dele ser o único dos agentes públicos com mandato a estar presente na primeira lista de Janot a ter uma condenação e ir preso. Quase que a frase que dá vontade de dizer é: cadê os outros? Mas, obviamente, a Justiça tem suas prioridades e eu não posso fazer nenhum juízo a respeito de sua condenação;, declarou.
Ainda que, eventualmente, Cunha tenha obtido ganhos ilícitos, comentou Marun, ele avalia que, até o momento, não viu nada que pudesse caracterizá-lo como um dos chefes investigados no "petrolão". ;Talvez a ordem dos fatores desse caso tenham alterado a situação porque penso que tem chefe solto. Chefes ou ;chefas;;, disse, sem citar nomes.
Com informações da Agência Estado