Depois de um longo período de redemocratização, o Brasil, que é um país conservador por natureza, perdeu a vergonha de se declarar como uma nação de direita. ;No íntimo, em casa, o brasileiro usa pochete e crocs;, brincou o especialista em marketing digital Marcelo Vitorino. A pesquisa A nova sociografia da classe política brasileira, feita por Adriano Codato, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) mostra que, entre 1998 e 2014, o número de candidatos de direita subiu de 45,6% para 51,3%. Candidatos de centro despencaram de 27,8% para 20,8% e candidatos de esquerda tiveram leve oscilação de 26,6% para 27,9%.
[SAIBAMAIS]A mudança não é apenas quantitativa, mas qualitativa. A mesma pesquisa mostra que o país vive um novo momento no horizonte da direita. ;Não é apenas no campo político. Existe também uma série de movimentos sociais, como o MBL, Vem Para Rua, Instituto Millenium e Instituto Liberal, que pregam os valores da direita;, enumerou o cientista político Pablo Cesário. ;Eu sou contra o Estado dar, você precisa ensinar a pessoa a pescar. Tudo que é dado de graça, a pessoa não vai atrás;, declarou a bióloga e professora da UnB Leila da Costa, 55 anos, moradora da Octogonal.
Politicamente, a direita também passa por uma mutação entre a velha direita e nova direita. A antiga tem ligação com as ditaduras, defende a não intervenção do Estado na economia e defende a a moral e cívica e os valores familiares. A nova defende abertamente o liberalismo econômico, a democracia eleitoral, mas se aproxima da defesa da família. ;São três alinhamentos, basicamente: os militaristas, os liberais e os conservadores religiosos;, prosseguiu Pablo.
;Tem hora que é preciso fazer um aborto, votaria em quem defende. Mas casamento é mulher e homem. Se um candidato vier pedir meu voto falando em casamento entre homens, eu não votaria não;, afirmou o barbeiro Manoel Rosa de Jesus, 53 anos, morador de Ceilândia. (PTL,MZ e EM)
Consultas
Qual o eleitor que chegará às urnas no ano que vem?
DESENCANTO
93%
Percentual de entrevistados que pretendiam votar nas eleições gerais de 2014
86%
Índice obtido dois anos depois em relação à disputa municipal de 2016
DISTANCIAMENTO
64%
Percentual de entrevistados que se consideravam apartidários em 2014. Os partidários representavam 28% e 8% não souberam responder
66%
Total dos entrevistados que disseram ser apartidários em 2016. Os partidários caíram para 23% e 11% não souberam responder
Indiferença
2014
29%
Centro-esquerda, esquerda e extrema esquerda
27%
Centro-direita, direita e extrema-direita
14%
Centro
31%
Nenhuma ou não soube responder
2016
28%
Centro-esquerda, esquerda e extrema esquerda
28%
Centro-direita, direita e extrema-direita
12%
Centro
32%
Nenhuma ou não soube responder
Fonte: Escola de comunicação e marketing digital Presença Online. Em 2014, foram entrevistadas 1.450 pessoas. Em 2016, 1.659.
* Estagiárias sob a supervisão de Paulo de Tarso Lyra