Politica

Ex-secretário de Cabral é preso por suspeita de fraude em licitação

Desdobramento da Lava-Jato no Rio, a Operação Fatura Fatura Exposta prendeu ainda dois empresários. Investigação aponta fraude em licitações na Saúde e corrupção

Jacqueline Saraiva
postado em 11/04/2017 08:40

O ex-secretário de Saúde do governo de Sérgio Cabral, Sérgio Côrtes, e os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita foram presos, nesta terça-feira (11/4), pela Polícia Federal (PF) em ação conjunta com o Ministério Público Federal (MPF) e a Receita Federal. As prisões ocorrem no âmbito de um desdobramento da Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro, intitulada Fatura Exposta, que investiga um grupo criminoso responsável por fraudes em processos licitatórios de compra de próteses no Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into) e da Secretaria Estadual de Saúde.

Segundo a PF, o ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes tentou barrar a delação premiada de seu ex-subordinado Cesar Romero, que deu base às ações de hoje. Ao juiz federal Marcelo Bretas, a Procuradoria da República, no Rio, afirmou que Côrtes estava "embaraçando as presentes investigações, atuando para constranger o colaborador Cesar Romero a não celebrar acordo de colaboração premiada". A delação de César Romero, no entanto, foi firmada em 16 de março e homologado judicialmente no dia 20 do mesmo mês.

Dias antes da assinatura deste acordo de colaboração, conforme apresentou o Ministério Público Federal ao juiz Bretas, Cesar Romero foi procurado no escritório onde trabalhava por Sérgio Côrtes para combinarem temas a serem incluídos em um possível acordo. "Além da gravação apresentada ao Ministério Público Federal, como prova dos fatos alegados, o colaborador Cesar Romero entregou imagens do circuito interno de vídeo de seu escritório de advocacia que comprovam que Sérgio Côrtes esteve, de fato, no local para embaraçar o acordo de colaboração que estava sendo entabulado com o Ministério Público Federal."

Ações no Rio

Cem policiais federais foram às ruas hoje para cumprir, além das três prisões preventivas, 20 mandados de busca e apreensão e três de condução coercitiva tanto na capital quanto nos municípios de Mangaratiba e Rio Bonito. As ordens judiciais foram expedidas pela 7; Vara Federal Criminal (RJ). Os presos serão indiciados por corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Segundo a investigação iniciada há cerca de seis meses, há indícios de que os três presos na ação de hoje, além de empresários do setor, participavam ativamente do esquema. Servidores públicos são investigados por direcionar licitações para beneficiar estes empresários em troca do pagamento de propina no valor de 10% dos contratos.

As prisões foram solicitadas pela Justiça a partir da delação premiada de César Romero, que trabalhou com o ex-diretor do Into, ex-secretário executivo de Côrtes na Saúde, e foi o responsável por entregar todo o esquema. Na delação, Romero afirmou que o desvio é de cerca de R$ 37 milhões. Outro delator dessa fase é Vivaldo Filho, funcionário de Renato Chebar, que era operador do mercado financeiro que atuava em nome de Sérgio Cabral para enviar valores ao exterior.


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