postado em 12/04/2017 19:31
O empreiteiro Marcelo Odebrecht revelou, em depoimento de delação premiada no âmbito da Lava-Jato, que a documentação entregue pela empresa inclui um e-mail seu a executivos da empreiteira com o intuito de afinar os discursos nas negociações com representantes do governo federal. Assista à delação premiada na íntegra aqui.
No e-mail, o herdeiro da empreiteira diz que a Odebrecht estava sendo uma "parceira leal" do governo - ainda no primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff - e assumiu "diversas missões", no entanto, uma parte dos compromissos assumidos "pela outra parte" não estava sendo cumprida.
O e-mail foi enviado com a Lava-Jato em curso, em agosto de 2014. Marcelo afirmou que tentava evitar o pagamento de uma parcela do valor acordado com o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, para a compra de apoio dos partidos à chapa que elegeu a ex-presudente naquele ano. Em depoimento ao Ministério Público, no entanto, ele revela que não conseguiu segurar o pagamento.
Segundo Marcelo, a empresa estava encontrando "enormes dificuldades" na liberação dos financiamentos prometidos à empresa e se queixa de "falta de parceria (e mesmo certos ataques deliberados)" do governo para com a Odebrecht.
Ele lista 11 áreas em que a empresa se colocou em obras ou investimentos de interesse do governo, mas estava em dificuldades ou não contava mais com apoio do Poder Executivo, como as arenas da Copa.
Marcelo narra "o ocorrido na construção e concessão de 3 estádios de futebol para governos estaduais aliados (BA, RJ e PE) onde a Odebrecht cumpriu todos os seus compromissos, inclusive, os prazos da Copa das Confederações e demandas adicionais da Fifa.
Entretanto, devido ao limitado financiamento do BNDES para os Estádios e do receio dos governadores em assumir todos os custos relativos à Copa do Mundo, há atualmente um valor a receber pela Odebrecht de aproximadamente R$ 500 MM", queixa-se.
O empreiteiro Marcelo Odebrecht revelou, em depoimento de delação premiada no âmbito da Lava-Jato, que a presidente Dilma Rousseff (PT) teria transparecido uma vontade de saber se o então vice, Michel Temer (PMDB), também recebeu dinheiro das propinas. "Eu achava que ela queria saber se Michel estava envolvido... mas você percebe que ela queria instigar quem era a pessoa que estava recebendo isso", relatou Odebrecht.
O herdeiro da empresa assumiu pagamentos para o PMDB e o PT de contrato PAC SMS da diretoria internacional da Petrobras. Este contrato era relativo à prestação de serviços dentro de plano de certificação de segurança, saúde e meio ambiente na área de Negócios Internacionais da estatal.