postado em 26/04/2017 06:00
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) revogou a prisão domiciliar do pecuarista José Carlos Bumlai, condenado na operação Lava-Jato, e de mais um acusado. Por 3 votos a 2, os ministros levaram em consideração a saúde de Bumlai, que sofre de cardiopatia e câncer na bexiga. Ele estava em prisão domiciliar desde novembro do ano passado. Os ministros também decidiram pela soltura do ex-assessor do PP João Cláudio Genu e aceitaram julgar um habeas corpus que pede a soltura de José Dirceu. Fora da cadeia desde novembro do ano passado, o lobista Fernando Moura teve a liberdade referendada.
[SAIBAMAIS]O relator da Lava-Jato no Supremo, Edson Fachin, votou por manter a prisão domiciliar do acusado. O voto dele foi acompanhado por Ricardo Lewandowski. No entanto, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Celso de Mello decidiram revogar a prisão. Na audiência, o advogado de Bumlai, Nabor Bulhões, afirmou que seu cliente não foi protagonista do esquema. ;Meu cliente é acusado na condição de ;partícipe;, não sendo um dos articuladores do esquema, portanto não deve ter penas elevadas como os demais;, argumentou.
Amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o pecuarista é protagonista do emblemático empréstimo de R$ 12 milhões que tomou junto ao Banco Schahin, em outubro de 2004. O dinheiro, segundo o próprio Bumlai, foi destinado ao PT, na ocasião em dificuldades de caixa. Segundo a Lava-Jato, em troca do empréstimo, o Grupo Schahin acabou favorecido por um contrato de US$ 1,6 bilhão sem licitação com a Petrobras, em 2009, para operar o navio sonda Vitória 10.000. Lula, que não é acusado nessa ação, teria dado a ;bênção; ao negócio ; o que é negado pela defesa do petista.
Outros casos
Os ministros do STF decidiram ainda que o habeas corpus apresentado pela defesa do ex-ministro José Dirceu deve ser analisado. A votação, no entanto, será feita em uma sessão futura, ainda sem data marcada. A decisão da maioria dos ministros desta turma vai de encontro à avaliação do relator, ministro Edson Fachin.
Em decisão monocrática tomada em fevereiro, Fachin havia negado a continuidade da tramitação do habeas corpus. O advogado de Dirceu, Daniel Romeiro, comemorou a decisão dos ministros e avalia que o julgamento que pede a liberdade de seu cliente não deve demorar. ;Estamos preparados para realizar a sustentação oral. A minha esperança é que este caso seja pautado nos próximos dias aqui no STF;, destacou.
João Claudio Genu, acusado de integrar o esquema de corrupção, também vai deixar a prisão. De acordo com a investigação, ele recebia um valor fixo dos recursos desviados da Petrobras. O acusado estava preso, desde o ano passado, em Curitiba. A Corte decidiu também manter o lobista Fernando Moura fora da prisão. Ele teve referendado o habeas corpus concedido no ano passado.
O entendimento de três dos cinco ministros da Segunda Turma é de que só é possível a prisão após condenação em segunda instância, o que não ocorreu nesse caso. A decisão pode beneficiar outros réus da Lava-Jato caso entrem com pedido de liberdade no Supremo.