Azelma Rodrigues - Especial para o Correio
postado em 11/05/2017 22:44
Colocada à frente da Petrobras pela ex-presidente Dilma Rousseff, assim que começaram a sair as denúncias, Graça Foster era fortemente criticada pelo ex-presidente Lula e por petistas, por atrasar o pagamento a empresas que repassavam propinas ao esquema da Lava-Jato. Na delação premiada aos membros da Procuradoria Geral da República, o marqueteiro João Santana e sua mulher Monica Moura procuraram demonstrar que souberam só mais tarde sobre a verdadeira origem do caixa 2 que recebiam como parte do pagamento de marketing das campanhas eleitorais do PT.
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Santana contou aos procuradores que, em conversas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "na sua sala do Instituto Lula", o ex-presidente fazia fortes críticas ao trabalho de Foster. Ele dizia, em síntese, que Graça era incompetente e não estava à altura do cargo. Faltava-lhe "traquejo político e administrativo". E criticava Dilma por tê-la indicado.
"Em uma ocasião, ele foi mais incisivo, pedindo que João dissesse a Dilma que ele estava ouvindo muitas queixas de empresários que prestavam serviços à Petrobras, por causa de atrasos injustificados de pagamentos. Tudo isso, segundo ele, era culpa exclusiva de Graça, pois ele sabia que a Petrobras não tinha problemas de caixa. Pediu para dizer que os empresários estavam ameaçando parar obras importantes de refinaria, portos e plataformas", diz o documento da delação premiada.
"Quando João (Santana) comentou o fato com a presidente, ela disse que as queixas de empresários era porque Graça estava colocando ordem. Que Graça estava lá por determinação dela para acabar com a esculhambação", diz ainda o documento.
"Será que eles não enxergam que estamos arrumando a casa? O canalha do Paulo Roberto Costa, por exemplo, foi demitido por mim e estamos remanejando muita coisa por lá", teria dito Dilma a Santana.
O atraso nos pagamentos pela Petrobras a "empresas amigas" também teria sido objeto de reclamação do tesoureiro do PT, João Vacari Neto, que teria recorrido a outras fontes para reduzir a pressão das cobranças dos contratos com a Petrobras.