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Instituto Lula sofria efeitos da Lava-Jato antes mesmo de ser fechado

Fechado pela Justiça, o Instituto Lula viu projetos serem engavetados após o desenrolar das investigações contra o ex-presidente na Lava-Jato

postado em 14/05/2017 06:00
Com as atividades suspensas na semana passada por decisão judicial, o Instituto Lula já sofria com os efeitos negativos provocados pelas investigações da Operação Lava-Jato na imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre as ações que estavam em andamento e foram suspensas, destacam-se a construção do Memorial da Democracia e uma possível parceria com a Fundação Bill & Melinda Gates, do fundador da Microsoft, Bill Gates.

Nos últimos meses, o instituto se concentrou em responder a acusações e fazer assessoria de imprensa para o ex-presidente. Mas nem sempre foi assim. Desde sua fundação, em 2011 (antes se chamava Instituto Cidadania), promoveu encontro com chefes de Estado, realizou debates e fóruns. Chegou a ter 30 funcionários. Hoje, tem cerca de 20.

Em fevereiro de 2013, o instituto anunciou o projeto de construir o Memorial da Democracia: ;Será um museu aberto a toda a população, com um formato de apresentação multimídia e interativo. Mostrará a história da luta pela democracia em nosso país. Será construído e mantido pelo Instituto Lula, em terreno cedido pela Prefeitura Municipal de São Paulo nas proximidades da Estação da Luz, seguindo desenho institucional a ser definido entre poder público e a entidade responsável pela iniciativa;.

A construção do museu no terreno público acabou barrada pela Justiça antes mesmo de a Lava-Jato ser deflagrada, mas, ainda antes do fim da batalha judicial, em setembro de 2015, o Instituto Lula abandonou o plano inicial e decidiu lançar o museu em formato apenas virtual.

Outro projeto que, segundo fontes do instituto, foi afetado pela operação, era o de firmar uma parceria com a Fundação Bill & Melinda Gates. Em 12 de dezembro de 2014, o site do Instituto Lula registrou a visita de Neil Watkins, diretor da entidade do fundador da Microsoft. Watkins se reuniu com Celso Marcondes, diretor do instituto. ;Neil Watkins e Celso Marcondes conversaram sobre os desafios no combate à fome e à pobreza na África, tema de interesse de ambas as instituições, e compartilharam a disposição de avançar em conversas sobre parcerias futuras;, relata notícia produzida pelo próprio instituto. O avanço da Lava-Jato, porém, interrompeu as conversas entre as entidades, conforme pessoas que participaram das tratativas.

Entre as suspeitas contra o instituto estão o recebimento de R$ 3 milhões da empreiteira Camargo Corrêa. Além disso, em agosto de 2016, a Receita Federal pediu esclarecimentos por supostos ;desvios de finalidade;. Na ocasião, a análise fiscal identificou gastos que o instituto não poderia ter realizado, como despesas pessoais do ex-presidente. Em nota, o instituto afirma ser vítima de ;perseguição;.

Recurso

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou com recurso contra a decisão do juiz Ricardo Augusto Soares Leite, que suspendeu as atividades do Instituto Lula. O pedido de habeas corpus foi protocolado no Tribunal Regional Federal da 1; Região. Em nota, o advogado de Lula, Cristiano Zanin, sustenta que a decisão, divulgada na terça-feira, ignorou a presunção de inocência e se baseia em elementos sem credibilidade, bem como na interpretação equivocada dos fatos.

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