Politica

Oposição pede impeachment de Temer após revelação de presidente da JBS

Em delação premiada, o presidente da JBS, Joesley Batista, afirma ter gravações em vídeo nas quais seria negociado, com o aval de Temer, o silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha

Paulo de Tarso Lyra
postado em 17/05/2017 19:57
Presidente da República, Michel Temer
Aos gritos de "Fora, Temer", a oposição cobra do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) a abertura de um processo de impeachment contra o presidente Michel Temer. O plenário da Casa pegou fogo nesta quarta-feira (17/5), após a revelação da delação premiada do presidente da JBS, Joesley Batista, que afirma ter gravações em vídeo, nas quais seria negociado, com o aval do presidente Temer, o silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba (PR).
"Se for confirmada a veracidade dos fatos delatados, isso incinera o governo Temer e acaba com toda a discussão em torno da reforma da Previdência. Já existe esse pedido [de impeachment] na Casa", afirmou o deputado Afonso Florence (PT-BA).
O deputado Silvio Costa (PTdoB-PE) defendeu a renúncia imediata de Michel Temer. "Se esse senhor está, de fato como diz, preocupado com o país, ele tem de renunciar ao mandato em nome da estabilidade. Eu não vi, nem ouvi ainda as fitas, mas se confirmarem as denúncias, são fatos gravíssimos", declarou Silvio Costa.
O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP) disse que não há nenhuma condição para continuar os debates sobre as reformas da Previdência e Trabalhista na Casa. "Não dá para que um governo avariado desse jeito continue discutindo questões que prejudicam os trabalhadores". Paulinho disse que as denúncias são graves, precisam ser apuradas, mas que, se forem comprovadas, a situação do governo fica muito complicada. Questionado se o Solidariedade fechará base de apoio ao Planalto, Paulinho foi irônico. "Nós já estávamos jogando na ponta-esquerda", encerrou o parlamentar.
A oposição vai se reunir para definir o que fará para pressionar Maia a abrir o processo de impeachment contra Temer. Já existe um pedido na Casa, mas ele é relativo a pedaladas fiscais praticadas pelo presidente quando ele ainda era vice de Dilma Rousseff. "Será necessário um novo pedido com fatos novos. E ele poderá, sim, ser processado porque este foi um ato praticado durante o exercício do mandato dele", reforçou o ex-presidente do Conselho de Ética da Casa, José Carlos Araújo (PR-BA). "Estão brincando que isso tudo é culpa minha. Disseram que, se eu não tivesse cassado Cunha, ele estaria aqui operando tudo normalmente", provocou o parlamentar baiano.
Pouco antes das 20h, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, deixou o plenário da Casa. "Não há mais clima para votações", afirmou ele, enquanto deixava o local, seguido por seguranças.

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