Politica

Donos da JBS gravam Temer dando aval para compra de silêncio de Cunha

Ele teria ouvido do empresário Joesley Batista, da produtora de carne, que estava dando uma mesada ao ex-deputado na prisão

postado em 17/05/2017 20:27
Ele teria ouvido do empresário Joesley Batista, da produtora de carne, que estava dando uma mesada ao ex-deputado na prisão
O presidente Michel Temer foi gravado por um dos sete donos do grupo J, proprietário da marca JBS, a maior produtora de proteína animal do mundo, dando aval para a compra de silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A informação é do colunista Lauro Jardim, do jornal "O Globo".

Segundo a reportagem, publicada na plataforma on-line do veículo, Temer indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver a questão. Ele foi posteriormente filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley Batista.
O presidente teria ouvido do empresário Joesley Batista, da JBS, que ele estava dando uma "mesada" a Cunha e ao operador Lúcio Funaro na prisão para que ficassem em silêncio. De acordo com o colunista, Temer teria reafirmado: "Tem que manter isso, viu?".

A reportagem conta, ainda, que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi filmado pedindo R$ 2 milhões a Joesley e que a quantia foi entregue a um primo do tucano, em uma ação gravada pela Polícia Federal.

R$ 5 milhões a Cunha

Nas gravações, Joesley disse que pagou R$ 5 milhões a Cunha, após a prisão dele, em outubro do ano passado. O ex-deputado foi condenado em primeira instância na Lava-Jato e, mesmo detido, enviou perguntas a Temer sobre pagamentos em campanhas eleitorais.
De acordo com o que foi homologado pelo ministro Edson Fachin, os sete delatores não serão presos e nem usarão tornozeleiras eletrônicas. Uma multa de R$ 225 milhões será paga para livrá-los das operações Greenfield e Lava-Jato, que investigam a JBS há dois anos. Essa conta pode aumentar quando (e se) a leniência com o DoJ for assinada.

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, afirmou que é importante as gravações citadas na reportagem serem tornadas públicas, na íntegra, o mais rápido possível. "São estarrecedores, repugnantes e gravíssimos os fatos noticiados por O Globo a respeito de suposta obstrução da Justiça praticada pelo presidente da República e de recebimento de dinheiro por parte dos senadores Aécio Neves e Zezé Perrella", comentou, em nota.

"A sociedade precisa de respostas e esclarecimentos imediatos. As cidadãs e cidadãos brasileiros não suportam mais conviver com dúvidas a respeito de seus representantes. Por isso, as gravações citadas precisam ser tornadas públicas, na íntegra, o mais rapidamente possível". Acrescentou que a apuração deve ser feita com celeridade, "dando aos acusados o direito à ampla defesa e à sociedade a segurança de que a Justiça vale para todos, independentemente do cargo ocupado".

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