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Aécio e Temer têm atuado para impedir avanço da Lava-Jato, diz Janot

De acordo com o Janot, os elementos já colhidos apontam pagamentos de propinas ao doleiro Lúcio Funaro e ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ)

Agência Estado
postado em 19/05/2017 14:45
A delação da JBS aponta que o presidente Michel Temer (PMDB) e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) têm atuado para impedir o avanço das investigações da Lava-Jato, disse o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao pedir a abertura de inquérito para investigar os dois.

"Verifica-se que Aécio Neves, em articulação, dentre outros, com o presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investigações da Lava-Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio do controle de indicação de delegados de polícia que conduzirão os inquéritos", escreveu o procurador-geral da República, em despacho assinado no dia 7 de abril.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato, levantou o sigilo da delação da JBS. Nesta sexta-feira (19/5) foram tornados públicos os depoimentos de delatores, os despachos de Fachin e os pedidos de abertura de inquérito formulados pela Procuradoria-Geral da República.

De acordo com o Janot, os elementos já colhidos apontam pagamentos de propinas ao doleiro Lúcio Funaro e ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ambos presos em decorrência de desdobramentos do caso Lava-Jato.

"Eduardo Cunha, ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara dos Deputados, era do mesmo partido do presidente da República, PMDB, e se tornou pública a tentativa de Cunha arrolar o presidente da República como uma de suas testemunhas, fato reconhecido pelo próprio presidente como uma tentativa de constrangê-lo. Depreende-se dos elementos colhidos o interesse de Temer em manter Cunha controlado", ressaltou Janot.

Peculiaridade

Em seu despacho, Janot destaca a "peculiaridade" dos episódios narrados na delação da JBS.

"Diferentemente de episódios anteriores nos quais a colaboração cingia-se a fatos criminosos pretéritos, a presente negociação de acordo trouxe à baila crimes cuja prática ou seu exaurimento estão ocorrendo ou por ocorrer, em datas previstas ou previsíveis. Isso torna obrigatória, em respeito à missão constitucional do Ministério Público, a intervenção imediata para propiciar a cessação das condutas e sua induvidosa e rigorosa apuração", afirmou Janot.

De acordo com Janot, as provas já colhidas indicam o cometimento de crimes de corrupção ativa por Joesley Batista e passiva por Aécio.

"Verificou-se que, por intermédio de sua irmã, Andrea Neves da Cunha, Aécio Neves solicitou propina para Joesley em pelo menos uma oportunidade, consistente no pagamento de R$ 2 milhões, acertado a ser efetivado em parcelas", afirmou Janot.

Andrea foi presa nesta quinta-feira (18/5), por determinação de Fachin.

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