Politica

'Temer participava de tudo, e a Dilma um pouco mais distante', diz delator

Segundo Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais e Governo do Grupo J, Temer participou do repasse ilegal de aproximadamente R$ 170 milhões para partidos que apoiaram a chapa Dilma-Temer na eleições de 2014

postado em 19/05/2017 17:33
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Em seu primeiro depoimento, prestado em 5 de maio deste ano na Procuradoria Geral da República, Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais e Governo do Grupo J, afirmou que o presidente Michel Temer participou do repasse ilegal de aproximadamente R$ 170 milhões para partidos que apoiaram a chapa Dilma-Temer na eleições de 2014.

"Temer participava de tudo, e a Dilma um pouco mais distante", afirmou o executivo, que assinou acordo de delação premiada com a Justiça. A coordenação dos repasses, informou ainda Saud, cabia ao ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, que conversava diretamente com o dono da JBS Joesley Batista. Depois do acerto entre os dois, cabia a Saud providenciar o repasse do dinheiro.

O executivo ressaltou também que praticamente todos os seus atos eram comunicados ao presidente Michel Temer e que a campanha era uma só. "Quero deixar claro que nunca foi sozinha a campanha da Dilma. Sempre foi Dilma e Temer, Dilma e Temer. Até que minha proximidade foi muito maior com o Temer que com a Dilma. Então, quase tudo que eu fazia eu levava ao conhecimento do presidente Temer."

Saud contou que entrou na J em 2010 e que, desde esse ano, a holding que controla a JBS participava de eleições no Brasil por meio de repasses ilegais de dinheiro. A campanha de 2014 seria aquela da qual ele participou mais "ativamente". De acordo com o depoimento, dinheiro público desviado foi depositado em uma conta corrente para financiar a campanha de Dilma e Temer e de partidos aliados.

Diferentes formas de repasse


Havia diferentes formas de fazer esse dinheiro chegar às legendas e políticos. " (O pagamento de) uma parte dessa propina foi feito em dinheiro vivo, uma parte dissimulada em doações oficiais e uma parte em notas fiscais (de serviço) que não tinha sido prestado", afirmou.

O diretor contou que, no início, se perguntou por que a J estava dando tanto dinheiro à campanha petista e chegou a mencionar esse estranhamento durante uma discussão com o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo, que teria respondido: "O dinheiro não é de vocês, por que você está querendo segurar o dinheiro que não é de vocês?".

Em sua fala, Saud informa os partidos, além do PT, que receberam parte desse fundo gerenciado por Mantega, o valor aproximado passado a cada legenda e quais eram seus interlocutores:

PMDB: R$ 46 milhões, com articulação de Michel Temer

PR: R$ 36 milhões (senador Antonio Carlos)

PP: R$ 42 milhões (senador Ciro Nogueira)

PDT: R$ 4 milhões (no depoimento, não fica claro quem seria o articulador)

PCdoB: R$ 13 milhões (deputado Orlando Silva)

PRB: R$ 3 milhões, sendo que R$ 1 milhão teria ido para o PV de São Paulo (Marcos Pereira)

PROS: R$ 10,5 milhões (Eurípedes Junior)

PSD: R$ 21 milhões (Gilberto Kassab)

Amontoado de deputado


Ao detalhar esse valores, executivo criticou ainda a forma de agir dos partidos, que trocam tempo de televisão por dinheiro. "Cada partido não serve para nada. É um amontoado de deputado para vender tempo de tevê. E cada um tem um valor", disse. Ele também menciona alguns políticos do PMDB que teriam recebido propinas: Renan Calheiros, Eduardo Braga, Jáder Barbalho, Valdir Raup e Eunício Oliveira.

Saud também disse que não pode garantir que os partidos tinham conhecimento de que a origem dos recursos era pública. "Pode ser que eles não soubessem que era de corrupção, mas eu nunca tratei ideologicamente nada com eles. (...) Acho que eles sabiam de onde estava vindo, tanto que era o PT que mandava eles virem me procurar. Então, acho que ficou muito claro que eu era simplesmente um mensageiro da conta corrente do PT."

Ao fim do depoimento, Saud informou que esperava detalhar repasses de dinheiro para o PSDB, o que acabou sendo tratado em outro depoimento.

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'Temer participava de tudo, e a Dilma um pouco mais distante', diz delator

Segundo Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais e Governo do Grupo J, Temer participou do repasse ilegal de aproximadamente R$ 170 milhões para partidos que apoiaram a chapa Dilma-Temer na eleições de 2014

postado em 19/05/2017 17:33
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Em seu primeiro depoimento, prestado em 5 de maio deste ano na Procuradoria Geral da República, Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais e Governo do Grupo J, afirmou que o presidente Michel Temer participou do repasse ilegal de aproximadamente R$ 170 milhões para partidos que apoiaram a chapa Dilma-Temer na eleições de 2014.

"Temer participava de tudo, e a Dilma um pouco mais distante", afirmou o executivo, que assinou acordo de delação premiada com a Justiça. A coordenação dos repasses, informou ainda Saud, cabia ao ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, que conversava diretamente com o dono da JBS Joesley Batista. Depois do acerto entre os dois, cabia a Saud providenciar o repasse do dinheiro.

O executivo ressaltou também que praticamente todos os seus atos eram comunicados ao presidente Michel Temer e que a campanha era uma só. "Quero deixar claro que nunca foi sozinha a campanha da Dilma. Sempre foi Dilma e Temer, Dilma e Temer. Até que minha proximidade foi muito maior com o Temer que com a Dilma. Então, quase tudo que eu fazia eu levava ao conhecimento do presidente Temer."

Saud contou que entrou na J em 2010 e que, desde esse ano, a holding que controla a JBS participava de eleições no Brasil por meio de repasses ilegais de dinheiro. A campanha de 2014 seria aquela da qual ele participou mais "ativamente". De acordo com o depoimento, dinheiro público desviado foi depositado em uma conta corrente para financiar a campanha de Dilma e Temer e de partidos aliados.

Diferentes formas de repasse


Havia diferentes formas de fazer esse dinheiro chegar às legendas e políticos. " (O pagamento de) uma parte dessa propina foi feito em dinheiro vivo, uma parte dissimulada em doações oficiais e uma parte em notas fiscais (de serviço) que não tinha sido prestado", afirmou.

O diretor contou que, no início, se perguntou por que a J estava dando tanto dinheiro à campanha petista e chegou a mencionar esse estranhamento durante uma discussão com o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo, que teria respondido: "O dinheiro não é de vocês, por que você está querendo segurar o dinheiro que não é de vocês?".

Em sua fala, Saud informa os partidos, além do PT, que receberam parte desse fundo gerenciado por Mantega, o valor aproximado passado a cada legenda e quais eram seus interlocutores:

PMDB: R$ 46 milhões, com articulação de Michel Temer

PR: R$ 36 milhões (senador Antonio Carlos)

PP: R$ 42 milhões (senador Ciro Nogueira)

PDT: R$ 4 milhões (no depoimento, não fica claro quem seria o articulador)

PCdoB: R$ 13 milhões (deputado Orlando Silva)

PRB: R$ 3 milhões, sendo que R$ 1 milhão teria ido para o PV de São Paulo (Marcos Pereira)

PROS: R$ 10,5 milhões (Eurípedes Junior)

PSD: R$ 21 milhões (Gilberto Kassab)

Amontoado de deputado


Ao detalhar esse valores, executivo criticou ainda a forma de agir dos partidos, que trocam tempo de televisão por dinheiro. "Cada partido não serve para nada. É um amontoado de deputado para vender tempo de tevê. E cada um tem um valor", disse. Ele também menciona alguns políticos do PMDB que teriam recebido propinas: Renan Calheiros, Eduardo Braga, Jáder Barbalho, Valdir Raup e Eunício Oliveira.

Saud também disse que não pode garantir que os partidos tinham conhecimento de que a origem dos recursos era pública. "Pode ser que eles não soubessem que era de corrupção, mas eu nunca tratei ideologicamente nada com eles. (...) Acho que eles sabiam de onde estava vindo, tanto que era o PT que mandava eles virem me procurar. Então, acho que ficou muito claro que eu era simplesmente um mensageiro da conta corrente do PT."

Ao fim do depoimento, Saud informou que esperava detalhar repasses de dinheiro para o PSDB, o que acabou sendo tratado em outro depoimento.

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