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Joesley: "Turma do PMDB do Senado" se afastou após informações de delação

Investigados na Lava-Jato, Renan e Jucá já foram gravados com a operação em curso por um delator: o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado

Agência Estado
postado em 19/05/2017 18:45
O empresário Joesley Batista, do Grupo JBS, disse em delação premiada que senadores do PMDB se afastaram dele após o início das tratativas com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Depois de um processo de "contrainformação" dentro do Ministério Público, para indicar que o executivo não mais fecharia o acordo, políticos se reaproximaram. Ele cita como exemplo os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR).

"(...) Aconteceram dois, três episódios curiosos, que começaram vários políticos, várias pessoas, principalmente ligadas a ele (advogado Willer Tomaz), ao PMDB, à turma do PMDB do Senado ali, a gente começou a perceber um afastamento muito rápido deles. Em Brasília começou rapidamente correr uma historia que nós estávamos começando a fazer delação", diz Joesley aos procuradores.

Investigados na Lava-Jato, Renan e Jucá já foram gravados com a operação em curso por um delator: o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.

Joesley Batista conta sobre o afastamento dos peemedebistas quando relata à PGR a relação com o advogado Willer Tomaz, que foi contratado para defender empresa do grupo no âmbito da Operação Greenfield e contava com Ângelo Goulart como um procurador infiltrado na força tarefa da investigação.

Goulart passou informações privilegiadas a Tomaz sobre a Greenfield, que repassava para Joesley Batista. Janot pediu abertura de inquérito ao STF para investigar Goulart e Tomaz por tentativa de obstrução de Justiça.

Segundo relato de Joesley, preocupado com o possível vazamento de informações, seu advogado procurou o chefe da Força Tarefa da Greenfield para relatar que outras pessoas estavam falando sobre a negociação de delação - indicando suspeita de vazamentos.

Foram adotadas a partir daí técnicas de "contrainformação" por parte do responsável pela condução da Greenfield - um procedimento adotado internamente dentro do Ministério Público quando há suspeita de vazamento de informações. Depois disso, políticos voltaram a atender o empresário.

"A gente percebeu que foi parando os boatos e curiosamente o Tomaz, que tinha sumido, começou a voltar uma semana depois, foi voltando à normalidade. E curiosamente ao mesmo tempo esses políticos começaram a voltar responder mensagem, uma ligação", disse Joesley.

Questionado na Procuradoria-Geral da República sobre exemplos de políticos, ele citou Renan e Jucá. "Eu tinha pedido pra falar com Renan não consegui. Em situação normal sempre tive ótima relação. Ele não me atendeu e também não me disse por quê", disse.

"O senador Jucá também. Mandei mensagem dizendo que precisava falar e ele não me atendeu, ele sumiu", disse. Joesley Batista disse ter conhecimento que Willer Tomaz tinha ótimo relacionamento com o ex-ministro Fabiano Silveira, que ocupou o Ministério da Transparência e era ligado a Renan.

Joesley relata que até por saber da atuação de Goulart dentro da Greenfield, resolveu "subir de instância" e procurar diretamente a Procuradoria-Geral da República (PGR) para negociar a delação.

Segundo o empresário, Ângelo Goulart repassou ao advogado Willer Tomaz a gravação de uma audiência com um ex-sócio de Joesley. A gravação, feita pelos procuradores da Greenfield, foi então mostrada ao executivo da JBS.

"Quando aconteceu esse episódio que ele (Tomaz) me mostrou essa gravação, falei ;pô, quem faz com um faz com outro né?; Me assustei", disse o executivo. Ângelo Goulart e Willer Tomaz foram presos preventivamente por pedido da PGR atendido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Edson Fachin.

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