Politica

Em carta, Eduardo Cunha nega ter vendido o silêncio

No texto, peemedebista refuta Joesley, defende presidente Temer e garante jamais ficar calado

Paulo de Tarso Lyra
postado em 21/05/2017 06:00

Esta é a segunda vez que o peeemedebista escreve na prisão para rebater os fatos

Um dos pivôs da delação premiada dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos do grupo J, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba desde outubro do ano passado, escreveu uma carta na qual afirma: ;Não estou em silêncio e jamais ficarei;.

A carta foi escrita no dia 18 de maio, um dia após o vazamento da delação na qual Joesley afirmou que recebeu do presidente Michel Temer o aval para comprar o silêncio do peemedebista. Na mesma quinta-feira (18/5), em tom indignado, Temer fez um pronunciamento negando as acusações e enfatizando que não renunciaria ao mandato.

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;Repudio com veemência as informações divulgadas de que estaria recebendo qualquer benefício para me manter em silêncio;. Na conversa com Temer gravada por Joesley, há uma insinuação de um acordo de pagamento para que o peemedebista não fechasse uma delação premiada. Condenado em março a 15 anos e 4 meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, Cunha defendeu estar exercendo seu direito de defesa. ;Não estou em silêncio e tampouco ficarei.;

Isenção

O peemedebista fluminense declarou, ainda, serem falsas ;as informações atribuídas a Joesley Batista de que estaria comprando meu silêncio;. Cunha aproveitou ainda para isentar o presidente da principal acusação que pesa contra Temer. ;Jamais pedi qualquer coisa a Michel Temer e também jamais recebi dele qualquer pedido para me manter em silêncio;. Para passar uma imagem de isenção, Cunha disse que rebateu as afirmações feitas pelo presidente Temer, em recente entrevista concedida por ele. ;Mostrei que não estou alinhado em nenhuma versão de fatos que não sejam os verdadeiros;. O desmentido do peemedebista está relacionado às afirmações do presidente quanto à participação de Cunha na abertura do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.


[SAIBAMAIS]
Temer afirmou, em entrevista à TV Bandeirantes, que Cunha rejeitaria o pedido de abertura de impechment contra Dilma caso recebesse o apoio do PT no Conselho de Ética da Casa. O então presidente da Câmara já era investigado na OperaçãoLava-Jato e era acusado de ter mentido à CPI da Petrobras sobre a existência de contas no exterior.

Cunha tem uma versão distinta. Segundo o ex-presidente da Câmara, o pedido protocolado pelos advogados Janaína Paschoal, Miguel Reale Jr. e Hélio Bicudo teve o parecer lido e aprovado pelo então vice-presidente antes da abertura da ação.

;Jamais pedi qualquer coisa ao presidente Michel Temer e jamais recebi dele qualquer pedido para me manter em silêncio;
Eduardo Cunha, ex-deputado, preso em Curitiba

Lula: ;PT combateu corrupção;

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, réu em cinco processos tanto na Lava-Jato quanto na Zelotes, afirmou ontem, em discurso na posse do diretório municipal do PT de São Bernardo do Campo, que o partido pode ensinar ao país como acabar com a corrupção. ;Ninguém na história desse país criou mais mecanismos para combater a corrupção do que 12 anos de PT no governo;, afirmou Lula.


;A Polícia Federal é o que é por causa do PT, o Ministério Público é o que é hoje porque, na (Assembleia) Constituinte de 1988, companheiros como o Genoíno (o ex-deputado José Genoíno) brigaram pela autonomia do Ministério Público, que antes era um apêndice do Ministério da Justiça;, prosseguiu o ex-presidente.


Ele também defendeu que a punição de empresários que cometeram atos ilícitos não pode prejudicar as empresas. ;Tem de punir empresário que roubou? Tem, mas não pode destruir a empresa, porque quem paga é o trabalhador, que não tem nada que ver com isso;, disse, mencionando as perdas de vagas na construção civil e na indústria naval.

Investigações


Lula pediu ainda que as investigações respeitem o Estado de Direito. ;Não queremos virar um Estado policial. Defendemos que as acusações sejam democraticamente julgadas. Vale para PT, PMDB, procuradores, juízes, papa, todo mundo. Lei é lei. Não existe nenhuma instituição maior que a outra.;
O petista classificou de golpe o processo de impeachment que resultou na cassação do mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. E relacionou esse fato político com a crise econômica enfrentada pelo país. ;Até um tempo atrás, o Brasil era o país mais otimista do planeta Terra. Tínhamos a expectativa que, em 2016, o Brasil seria a 5; economia do mundo. Lamentavelmente, isso não aconteceu. O golpe fez com que o Brasil chegasse aonde chegou;, acrescentando que o golpe era uma ;vontade de entregar a economia ao capital estrangeiro.;

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