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Durante Congresso do PT, Lula não se assume candidato em 2018

Ex-presidente também não defendeu a realização imediata de eleições diretas para presidente: "minha tendência é de preparar o PT para governar este país"

Alessandra Modzeleski - Especial para o Correio
postado em 01/06/2017 23:53
Ex-presidente Lula durante o 6º Congresso Nacional do PT
Durante a aberutra do 6; Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) nesta quinta-feira (1;/6), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se declarou candidato ao Palácio do Planalto em 2018, nem defendeu a realização imediata de eleições diretas para presidente. "A minha tendência é de preparar o PT para governar este país, porque 2018 está longe para quem não tem esperança. Para nós, 2018 está quase ali. Já começou", afirmou. A sigla esteve à frente do Executivo Federal durante 12 anos até 2015, quando Dilma Rousseff foi destituída por um processo de impeachment.

Havia a expectativa de que o Congresso, que acontece em Brasília até sábado, servisse para oficializar uma nova candidatura de Lula à Presidência da República. Também durante o evento, que recebeu o nome da ex-primeira-dama Marisa Letícia, que morreu em fevereiro deste ano, serão realizadas eleições para o diretório do partido. "O que esta em jogo nesse Congresso não é eleger apenas um diretório do PT. O que esta em jogo é a definição do que nós pensamos e queremos para o Brasil", disse.

O ex-presidente também comentou sobre as acusações que pesam contra ele na Operação Lava-Jato, na qual é réu em três processos. O petista afirmou "já ter provado sua inocência": "agora quero ver eles provarem a minha culpa". Ele também fez uma avaliação do governo de Michel Temer e das reformas propostas pelo peemedebista. "Não é possível que esse país vai resolver os seus problemas com um presidente ilegítimo, que só sai cortando direitos. Se a gente voltar para esse governo, vamos ter que refazer tudo que eles destruíram", pontuou.

Apesar de Lula não ter manifestado a intenção de disputar novamente a Presidência da República, sua candidatura ao Planalto foi defendida por outros petistas, como o ex-governador da Bahia e ex-ministro Jacques Wagner. "O Lula é a única figura que eu conheço que tenha peso político, identidade com a população e capacidade de conciliação. Cem porcento do partido defende a candidatura dele", reforçou.


Dilma nega pedaladas

O evento também contou com a presença de diversos outros quadros do PT. Em sua fala no Congresso, a ex-presidente Dilma Rousseff negou que tenha cometido pedaladas fiscais e reforçou a importância de eleições diretas para a volta do equilibro do Brasil. "Quando você rompe a constituição ao fazer um impeachment sem crime de responsabilidade, você torna tudo possível. E o que estamos assistindo hoje? Briga do Executivo com o Ministério Público, briga do judiciário com com o Executivo", alegou. Sobre a crise política e institucional do país, declarou que a única solução são as eleições diretas. "Não que nós tenhamos o melhor candidato e perder não é vergonha. Vergonha é ganhar no tapetão, sem voto", criticou.

Solto desde o mês passado, após cumprir pena por duas condenações da Lava Jato, José Dirceu, ex-ministro chefe da Casa Civil, não compareceu no primeiro dia do congresso. No entanto, foi lembrado no discurso de Gleisi Hoffmann, por um artigo "As ruas e as urnas", publicado nesta quinta-feira no jornal Folha de S. Paulo.


PT dividido

No sábado, durante o encontro, petistas deverão definir o novo presidente do partido. O eleito ficará à frente da sigla até 2019. Os senadores Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias são os pré-candidatos ao comando da legenda. Cerca de 600 delegados escolherão sucessor de Rui Falcão, seis anos no comando da legenda. Os delegados foram definidos em encontros regionais do PT.

A corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no PT, escolheu a senadora Gleisi Hoffmann (PR) para ser candidata à presidência do partido. O desejo de lançar a senadora foi do ex-presidente Lula. A escolha de Gleisi fez com que o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha e o deputado federal Márcio Macedo (PT-SE) retirassem suas pré-candidaturas.

Do outro lado, Lindbergh optou por seguir com o pleito em nome da corrente Muda PT para enfrentar o grupo majoritário. Durante o anuncio da composição da mesa, apenas a líder do partido no Senado foi convidada. Reforçando a preferência da cúpula do PT por Gleisi. Apoiadores de Lindbergh gritaram pedindo que o também candidato pudesse subir, o que, então, ocorreu. Os dois são investigados pela Lava Jato e negam ter cometido irregulares.

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