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Dinheiro foi usado na campanha de Alves ao governo do RN, diz PF

Ex-ministro foi preso nesta manhã pela Polícia Federal na Operação Manus, que investiga corrupção e lavagem de dinheiro em obras no Rio Grande do Norte. Eduardo Cunha também foi alvo de mandado de prisão

Jacqueline Saraiva
postado em 06/06/2017 11:43
Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha recebiam propina em troca de favores a empresas, segundo a Operação Manus
Mensagens no celular do ex-presidente da construtora OAS Leo Pinheiro desde 2012 comprovam influência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) sob o judiciário, disse o procurador da República Rodrigo Teles em entrevista coletiva nesta terça-feira (6/6). O ex-ministro do Turismo e ex-presidente da Câmara foi preso preventivamente nesta manhã durante a Operação Manus, um desdobramento da Operação Lava-Jato. Um mandado de prisão também foi expedido contra o ex-deputado Eduardo Cunha.

Rodrigo Teles afirmou que a investigação apontou a troca de favores em relação à empreiteira OAS, em três situações: privatização de aeroportos, rolagem da dívida da cidade de São Paulo e a obra da Arena das Dunas, alvo da investigação da Operação Manus. De acordo com o procurador, empresas "pagavam doações oficiais e não oficiais e obtinham favores dos parlamentares."

[SAIBAMAIS]O procurador afirmou que o Tribunal de Contas do RN solicitou da OAS dados para analisar o superfaturamento da obra da Arena das Dunas, dado que não havia sido solicitado pela empresa. Após isso, a investigação observou que a OAS pediu ajuda a políticos para que não precisasse apresentar os dados sobre a obra da Arena das Dunas para o TCU.

Propina para campanha

Henrique Alves teve atuação sobre financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) quando houve um impasse sobre superfaturamento da obra da Arena das Dunas. De acordo com o procurador, o Tribunal de Contas da União (TCU) só indicou o sobrepreço nas obras em 2016. Após a resolução do impasse, a OAS deu dinheiro para a campanha de Alves para o governo do Rio Grande do Norte.

A investigação aponta que parte dos R$ 77 milhões foi repassado de maneira ilícita para as campanhas eleitorais, divididos em repasses oficiais e também por caixa 2. O delegado Osvaldo Scalezi afirmou que o dinheiro declarado oficialmente na campanha saia para empresas de fachada que supostamente prestariam serviços para a campanha. De acordo com ele, Henrique Alves ficará preso no RN, mas ainda não foi definido em qual penitenciária ficará. A investigação tem um prazo de 15 dias para concluir a denúncia e encaminhar para o Ministério Público.

O delegado Santiago Hounii também detalhou a Operação Manus. Ele também ressaltou as trocas de vantagens indevidas de Alves e Cunha, deputados na ápoca. Destacou que a ação irregular retardou por anos a percepção dos desvios. O procurador Rodrigo Teles lembrou que o Tribunal Eleitoral aprovou as contas da campanha de Henrique Eduardo Alves com ressalvas. "A Justiça Eleitoral é muito fácil de ser enganada, ou deixa se enganar facilmente. Aprova contas que são uma ficção", afirma Rodrigo Teles.

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