Agência Estado
postado em 08/06/2017 08:26
A Operação Barão Gatuno, deflagrada pela Polícia Civil do Rio em um desdobramento da Operação Lava-Jato, investiga superfaturamento que pode ter lesado os cofres de Furnas em cerca de R$ 80 milhões. A suspeita é de que o deputado cassado Eduardo Cunha, preso em Curitiba, tenha incluído uma emenda em Medida Provisória que tramitava no Congresso por encomenda, em 2007. Segundo os investigadores, "há fortes indícios" dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A operação foi conduzida pela Polícia Civil do Rio por determinação do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão do ministro, publicada em outubro do ano passado, deveu-se ao fato de Furnas ser uma sociedade de economia mista e Eduardo Cunha, delatado pelo ex-senador Delcídio Amaral, ter perdido o foro privilegiado ao ter seu mandato de deputado federal cassado.
[SAIBAMAIS]"Recebemos determinação específica da Justiça estadual para investigação de suposto desvio em Furnas. Foi realizado um consórcio para construção de usina hidrelétrica na Serra do Facão (Goiás). Fazia parte do consórcio Furnas, que detinha 49% das ações, e uma empresa chamada Oliver Trust", explicou o delegado titular da Delegacia Fazendária, Gilberto Ribeiro. "Em determinado momento essa empresa (Oliver Trust) teria oferecido sua parte a Furnas por R$ 7 milhões, mas ela negou a aquisição sob a alegação de que a lei impedia que a empresa fosse majoritária."
A partir disso, o ex-deputado Eduardo Cunha teria trabalhado no Congresso Nacional para modificar a lei. "Foi feita uma emenda que permitiria que Furnas tivesse participação superior a 50%. E logo em seguida Furnas adquiriu as ações da Serra Carioca 2 por R$ 80 milhões", explicou Ribeiro.
A operação desta quinta cumpriu 25 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e oito em São Paulo. Ninguém foi preso, já que a ação tinha apenas o intuito de levantar provas.
"Foi a primeira operação em âmbito estadual em decorrência da Lava Jato. A Polícia Civil começou hoje a abrir frente. O Estado do Rio de Janeiro é a primeira unidade da federação a ter isso", destacou Ana Paulo Costa, delegada assistente.
Os dois delegados não quiseram entrar em detalhes da investigação, que corre em segredo de justiça.