Jacqueline Saraiva
postado em 09/06/2017 11:45
Uma investigação da Polícia Federal (PF) apura o uso indevido de informações privilegiadas por parte das empresas JBS S/A/ e FB Participações S/A em transações de mercado financeiro. A Operação Tendão de Aquiles cumpre, segundo a PF, três mandados de busca e apreensão e nas empresas dos grupos e quatro de condução coercitiva. A ordens foram expedidas pela 6; Vara Criminal Federal de São Paulo.
[SAIBAMAIS]De acordo com a PF, as transações no mercado financeiro ocorreram entre abril e maio deste ano. Um inquérito foi instaurado em 19 de maio, após a corporação ter conhecimento do Comunicado ao Mercado n; 02/2017 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que atuou em conjunto com a PF nas ações de hoje. O documento tornou pública a instauração de cinco processos administrativos para apuração dos fatos.
Dois eventos estão na mira da Operação Tendão de Aquiles: a venda de ações de emissão da JBS S/A na bolsa de valores, por sua controladora, a empresa FB Participações S/A, no final do mês de abril, em período concomitante ao programa de recompra de ações da empresa, reiniciado em fevereiro de 2017; e a compra de contratos futuros de dólar na bolsa de futuros e a termo de dólar no mercado de balcão, entre o final de abril e meados de maio de 2017.
Segundo a PF, a investigação dá indícios de que as operações financeiras ocorreram com o uso de informações privilegiadas, "gerando vantagens indevidas no mercado de capitais num contexto em quase todos os investidores tiveram prejuízos financeiros", segundo nota da corporação. Os investigados devem ser responsabilizados pelo crime previsto no artigo 27-D da Lei 6.385/76. As penas vão de 1 a 5 anos de reclusão e multa de até três vezes o valor da vantagem ilícita obtida.
Entenda
Em 17 de maio, a divulgação da delação da JBS sacudiu o Palácio do Planalto. Joesley Bastista, um dos donos da JBS, afirmou à Procuradoria-geral da República (PGR) que o presidente Michel Temer deu aval à compra do silêncio do deputado Eduardo Cunha e do operador Lúcio Funaro, ambos presos pela Operação Lava-Jato. A delação foi dada em abril e em 10 de março o conteúdo foi comunicado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Lava-Jato.
Dias antes da delação de Joesley Batista e do irmão Wesley, donos da J, controladora da JBS, operações de compra e venda de dólares foram realizadas pela JBS e pela FB Participações, que mexeram com o mercado financeiro. As transações de mercado apuradas pela investigação ocorreram entre abril e maio de 2017. As delações dos executivos ocorreram há três semanas.
Em comunicado divulgado em 19 de maio, a JBS afirmou que as compras de dólar "seguem alinhadas à sua política de gestão de riscos e proteção financeira".