Paulo de Tarso Lyra
postado em 09/06/2017 19:26
O ministro Luiz Fux acompanhou o relator Herman Benjamin e defendeu a cassação da chapa Dilma-Temer. Alegou que existem provas inequívocas de abuso de poder econômico e pagamento de propinas para financiar campanhas eleitorais. E moeu o argumento de outros ministros de que as delações da Odebrecht não deveriam ser levadas em conta no processo. ;O Direito não pode servir de proteção às práticas das iniquidades;.
Fux prosseguiu, levando em contas todas as oitivas tomadas pós-março, consideradas ilícitas pela maioria do colegiado. ;Ouvimos aqui os fatos, são gravíssimos, insuportáveis;, declarou. Fux lembrou que é magistrado desde 1982 e lançou um questionamento aos seus pares. ;Será que um magistrado que for julgar a causa agora, como esse conjunto de quadro sem retoques de ilegalidades, vai se sentir à vontade para usar o instrumento processual e negar a realidade? Eu não teria paz se não pudesse enfrentar esses fatos;, cravou.
Fux admitiu que fazer justiça não é algo fácil. Destacou que o Tribunal enfrentou uma votação histórica, em um prazo bastante razoável e culminado com um voto belíssimo do relator. ;Hoje vivemos um verdadeiro pesadelo. A sociedade vive um pesadelo pelo descrédito das instituições;, afirmou.
Segundo o ministro, citando diversos depoimentos de ex-executivos da Odebrecht, ;fatos novos vieram à lume, mostrando que houve financiamento ilícito e abuso de poder econômico. E concluiu: ;Direito e realidade não podem ser apartados na hora da decisão final;.