postado em 10/06/2017 08:00
Uma foto publicada pelo ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão, contesta as recentes declarações do senador Romero Jucá sobre o procurador da República Ângelo Goulart Villela. O parlamentar nega que tenha qualquer tipo de relação de amizade com o procurador, que foi preso, acusado de repassar informações confidenciais sobre as investigações em troca de propina. Na imagem, Jucá aparece ao lado do presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Roubalinho, e de Villela.
O ex-ministro, que deixou o Ministério Público Federal (MPF) no início deste mês, afirmou ao Correio que, ao contrário do que diz, o senador manteve uma amizade de anos com o procurador. ;Isso não se faz com um amigo. O Jucá tem uma amizade de anos com o Ângelo e agora nega essa amizade por conta de ele ter sido preso. Ele sempre teve uma conduta exemplar, conhecida por todos. O Ângelo sempre foi visto como um líder por seus colegas de trabalho. Uma pessoa na qual a honestidade sempre foi conhecida por pessoas que trabalharam com ele. Tanto que não recuou em processar o senador quando precisou fazer isso por dever de seu ofício;, destaca.
Aragão afirma que não entende os motivos que teriam levado o procurador a se envolver no suposto esquema de corrupção, repassando informações que poderiam prejudicar os rumos da investigação da Operação Greenfield. ;Desde abril, eu não vejo o Ângelo, então não entendo o que levaria ele a praticar tais atos. Só não acho justo que seja tratado dessa maneira por alguém que sempre considerou como amigo;, completa o ex-ministro.
Vilella foi preso preventivamente no âmbito da Operação Patmos, realizada pela Polícia Federal. O integrante do MPF é acusado de vazar informações sigilosas para pessoas investigadas no esquema de corrupção envolvendo o grupo J, dono da JBS. O procurador é citado nas gravações realizadas pelo dono da JBS, Joesley Batista. Vilella atuava na Greenfield e era diretor de assuntos legislativos da ANPR, tendo acesso total às informações dos processos relacionados à investigação. Na associação, a tarefa do procurador era atuar junto aos deputados e senadores, defendendo interesses dos representados.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou, no pedido de prisão contra Vilella, que as atividades ilícitas exercidas pelo acusado deixaram ;robusta documentação, que foi coletada por meio de ação controlada; da Polícia Federal. O procurador está recluso desde o mês de maio no Complexo Penitenciário da Papuda.
Em nota, o senador Romero Jucá negou novamente que mantenha qualquer tipo de contato pessoal com Vilella. ;Não mantenho qualquer relação com o ex-procurador Ângelo Vilella. Na condição de líder de governo e senador, recebo diversas associações no gabinete, fato que nunca foi negado;, informa Jucá.
O representante da ANPR, José Robalinho, que também aparece na foto, ainda é presidente da entidade. Por meio de sua assessoria de imprensa, a associação informou que a reunião retratada na foto teve como objetivo representar os interesses da entidade e possivelmente ocorreu no gabinete do senador, no Congresso Nacional.