O presidente Michel Temer confirmou viagem para Rússia e Noruega, a partir de segunda-feira (19/6) exatamente na semana que se espera que o procurador Geral da República, Rodrigo Janot, apresente denúncia contra ele, na Câmara dos Deputados. Com a viagem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, assume a Presidência da República.
A agenda da visita foi confirmada pelo porta-voz do Planalto, Alexandre Parola, que disse que Temer pretende atrair investimentos daqueles países para o Brasil, ampliando o comércio entre eles. O porta-voz enfatizou que o comércio com a Rússia cresceu mais de 40% nos cinco primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, "como reflexo da recuperação econômica nos dois países", embora Temer considere que "ainda está abaixo do seu potencial". O ponto alto da viagem será o encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, no dia 21, que também está sendo alvo de protestos em seu país.
Leia mais notícias em Política
Em seu discurso para os investidores dos dois países, além de mostrar que o governo continua disposto a dar prosseguimento às reformas trabalhista e previdenciária, entre outras, Temer falará dos novos programas a serem desenvolvidos pelo governo, como o projeto Crescer. Destacará ainda "o novo ambiente de negócios no País, de maior segurança jurídica". No caso da Rússia, o porta-voz lembrou o interesse daquele país na área de petróleo e gás, além de possibilidades de cooperação e investimento em setores como ferrovias e portos. Tanto para russos quanto para noruegueses, Temer defenderá reformas que modernizam a economia brasileira, sobre marcos regulatórios mais racionais e previsíveis e sobre as oportunidades de negócios daí decorrentes.
A Noruega, hoje, é o oitavo maior investidor estrangeiro no Brasil, com forte presença no setor de energia. Ainda em Oslo, segundo Parola, o presidente Temer "renovará o interesse do Brasil no acordo de livre comércio entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), acordo cuja primeira rodada de negociações ocorreu neste mês de junho, em Buenos Aires".
Temer estará de volta a Brasília no dia 24 de junho, sábado. Até lá, O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, estará no comando do País. Temer e Maia já conversaram sobre estratégias para as próximas semanas, que dependerá de quando o procurador da República apresentará a denúncia contra o presidente da República. Se Janot demorar a apresentar a denúncia, o governo já trabalha com a possibilidade de suspender o recesso parlamentar previsto para meados de julho. É que o Planalto acha que a demora tem por objetivo também deixar o presidente "sangrando" durante o recesso parlamentar, que começa em meados de julho. Com isso, mesmo adiantando os prazos nas comissões, não daria tempo de o governo resolver a questão antes do enceramento dos trabalhos na Câmara.
O Planalto acredita que tem pelo menos 230 votos, número bem além dos 172 necessários para rejeitar a denúncia. Por isso mesmo, a ideia de suspender o recesso está em alta, para que o governo consiga acelerar as votações deste processo e encerrá-lo o mais rápido possível.
De acordo com o porta-voz, Temer retornará a Brasília no sábado da semana que vem. Durante a visita aos dois países, Temer quer dar "continuidade a sua diplomacia presidencial, voltada para a universalização de nossas relações externas e orientada por prioridades concretas da sociedade brasileira", além da promoção do crescimento e a geração de empregos.
Esta será a primeira visita bilateral de um chefe de Estado brasileiro à Rússia desde 2012. "A Rússia é um país-chave para o desenho e a configuração da ordem internacional. O diálogo estratégico entre os dois países é parte da defesa da diplomacia brasileira por uma ordem internacional mais multipolar. Os dois países já mantêm diálogo privilegiado em foros como o G20 e o Brics", disse o porta-voz.
No dia 21, Temer terá agenda de reuniões com altas autoridades do Executivo e do Legislativo russos. Além de Putin, com quem " retomará diálogo sobre temas das agendas bilateral e global", Temer manterá reuniões com o primeiro-ministro Dmitry Medvedev, com a Presidente do Conselho da Federação, Valentina Matvienko, e com o Presidente da Duma de Estado, Vyacheslav Volodin. "Em todas as oportunidades, o Presidente reiterará mensagem sobre o momento de recuperação econômica do Brasil e as oportunidades que se abrem para a intensificação dos fluxos de comércio e investimentos", afirmou. Parola lembrou ainda que "o Brasil fornece 60% dos produtos de carne importados pela Rússia - e há espaço para mais" e que, "há espaço para a diversificação das exportações brasileiras para o mercado russo".
No dia 22, Temer desloca-se para Oslo e, neste mesmo dia, reúne-se com investidores noruegueses, a quem também falará das oportunidades abertas pelas reformas em curso no Brasil. No dia 23, o Presidente da República mantém encontro com Sua Majestade, o Rei Harald V, e com a Primeira-Ministra Erna Solberg. O presidente será também recebido pelo presidente do Parlamento, Olemic Thommessen. Segundo o porta-voz, entre os temas a serem examinados, destaca-se a parceria entre o Brasil e a Noruega em matéria de meio ambiente e combate à mudança do clima. "O presidente Michel Temer enfatizará o engajamento brasileiro no cumprimento do Acordo de Paris e ressaltará o significado que o Brasil atribui à participação da Noruega no Fundo Amazônia", observou Parola, após lembrar que o Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES, apoia, hoje, 89 projetos em áreas como combate ao desmatamento, regularização fundiária, e gestão territorial e ambiental de terras indígenas. São projetos geridos com a participação dos governos dos Estados amazônicos e da sociedade civil. Ele lembrou ainda que a Noruega é o principal financiador do fundo que, desde 2009, aportou para ele R$ 2,8 bilhões.