Politica

Oito nomes disputam a sucessão de Rodrigo Janot na PGR

Lista tríplice para procurador-geral da República será escolhida na terça-feira

Renato Souza, Paulo de Tarso Lyra
postado em 25/06/2017 08:00
Será a primeira eleição para a PGR desde que o PT deixou o poder
Na próxima terça-feira, quando os 1,3 mil procuradores da República votarão para eleger uma lista tríplice de postulantes ao cargo máximo do Ministério Público Federal, poderá parecer que é algo corriqueiro, que se repete de dois em dois anos, desde 2003. Mas isso não é verdade. Eles estarão escolhendo, entre os oito candidatos que se apresentaram, quem querem para conduzir, ao longo do próximo biênio, as investigações da Lava-Jato, iniciada em 2014. Em 2015, esse processo ocorreu, mas Rodrigo Janot era um candidato natural e acabou reeleito. Agora, o cenário apresenta um nome novo para prosseguir com um trabalho que vem sacudindo o país.

As incógnitas não param por aí. Será a primeira eleição, desde 2003, sem o PT no poder. E qual a diferença fundamental agora? Os petistas sempre respeitaram a lista tríplice apresentada pela Associação Nacional dos Procuradores (ANPR). E mais. Indicavam o nome mais votado na relação. Uma sugestão ; quase imposição ; feita pelo então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para dar um caráter republicano ao governo de Lula. ;Você não vai querer ser acusado de ter escolhido um engavetador de processos;, aconselhou Márcio, que morreu em 2014.

;O presidente Temer não precisa, necessariamente, escolher o primeiro nome da lista. Qualquer um dos três tem legitimidade. Mas, nesse momento de crise, é fundamental que essa relação seja respeitada;, defendeu o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti. Até o momento, não há certezas firmadas se o presidente Temer vai manter a tradição petista. Até porque o último governante antes da era do PT no Planalto, o tucano Fernando Henrique Cardoso, não respeitou.

Xadrez

O PMDB, partido de Temer, apoia a indicação de Raquel Dodge. Bastante ligada ao presidente e aos caciques peemedebistas, ela é uma procuradora de carreira reconhecida e tem grandes chances de figurar entre os três mais votados. Mesmo que não esteja, há quem defenda que ela seja indicada mesmo assim. ;Quem terá a coragem de questionar um nome que foi votado pelos seus pares, que tem competência, e ainda é mulher? Os colegas de MPF não agirão assim, pode apostar;, disse um analista arguto do processo de sucessão de Janot.

O xadrez na mesa presidencial não é apenas esse. A eleição será em 27 de junho, mas Janot só concluirá o mandato em 17 de setembro. Temer indicará com rapidez o sucessor do procurador-geral? Se isso acontecer, por uma questão de espírito de corpo, o indicado não vai ficar dando palpite nos trabalhos de Janot, que ainda estará no posto. ;Mas o novo nome começará a escolher sua equipe, o que, inevitavelmente, indicará futuros rumos de trabalho e pensamento;, reconheceu um procurador.

Temer também poderá demorar a indicar o novo nome ; algo não raro. Mas aí os desdobramentos seriam outros. Neste caso, o vice-procurador-geral assumiria interinamente. Informações de bastidor dão conta que uma tendência defende que o atual vice-procurador-geral, Bonifácio de Andrada, deixe o cargo que exerce atualmente no Conselho Superior do Ministério Público e concorra a um novo posto no mesmo colegiado, na disputa que acontecerá em agosto. Esse conselho é quem indica o vice-procurador.

Dessa forma, ele poderia ocupar, ainda que por um lapso de tempo, o cargo de procurador-geral após expirar o mandato de Janot. Nicolao Dino, atual vice-procurador-geral eleitoral, é outro nome cotado. ;Bonifácio tem apoio político, mas não dos procuradores. Dino tem força no Ministério Público, mas não tem trânsito político;, resumiu um procurador. Essa saída é pouco provável, contudo. ;Bonifácio é próximo do PSDB de Minas e essa relação causará desconforto no MPF;, contrapôs um jurista.

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