Fernando Jordão - Especial para o Correio
postado em 28/06/2017 18:52
O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) disse nesta quarta-feira (28/6) acreditar que a Câmara autorizará o prosseguimento da denúncia de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer no Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração foi dada pelo parlamentar durante participação no programa CB.Poder, da TV Brasília, em parceria com o Correio. Confira o vídeo com a íntegra da entrevista no final desta reportagem.
Molon negou que essa seja uma visão otimista da oposição e avaliou que Temer tem uma base aliada cada vez mais fragilizada no Congresso. Por isso, segundo ele, deve perder a votação que decidirá seu futuro no STF.
"A cada pronunciamento de Temer, ele fica mais frágil. Os deputados não têm coragem de defendê-lo publicamente. Isso faz com que o governo caminhe para a dissolução"
Na última terça-feira (27/6), um dia após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar formalmente a denúncia contra o presidente por corrupção passiva, Temer fez um pronunciamento onde classificou o documento como ficção e atacou o atual procurador-geral, Rodrigo Janot, induzindo que ele poderia ter sido beneficiado financeiramente com a delação premiada de Joesley Batista.
Sobre esse ponto, Molon chamou de inconstitucional a possibilidade de Temer indicar o próximo procurador-geral, que vai seguir investigando o presidente com base na delação do dono da JBS.
"Não é razoável que o presidente escolha quem vai processá-lo"
A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) já enviou ao Palácio do Planalto uma lista de três nomes para suceder Janot: Nicolao Dino, Raquel Dodge e Mario Bonsaglia. Tradicionalmente, o nome do novo chefe do Ministério Público Federal (MPF) costuma ser escolhido entre as três sugestões. O presidente da República, no entanto, é livre para indicar outra pessoa. Como solução para o impasse, o parlamentar da Rede sugeriu que o peemedebista escolha Dino, nome que recebeu mais votos na eleição da ANPR.
Ainda no CB.Poder, Molon defendeu a realização de eleições diretas, caso o presidente deixe o cargo. "A Câmara tem provado que escolhe mal os seus presidentes. Os dois últimos estão presos, os ex-deputados Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves [ambos do PMDB]. Uma Câmara que escolhe tão mal as pessoas que ela conhece, como vai escolher bem alguém que vai presidir o Brasil?", questionou o parlamentar.
Molon crê, porém, que a única possibilidade de a Casa aprovar a PEC das Diretas, que permitiria a realização de uma eleição presidencial antes de 2018, é pressionada pela opinião pública. "Claro que o Congresso vai resistir a essa opção [das Diretas]. Mas ela é a única que protege o legítimo interesse do povo brasileiro de ver alguém escolhido pensando no Brasil e não em proteger congressistas sob suspeita", disparou.
Marina Silva e Jair Bolsonaro
O deputado da Rede Sustentabilidade também afirmou que seu partido não cogita outro candidato para as próximas eleições. "O candidato da Rede é Marina Silva. Não há debate sobre se a candidata deve ser Marina ou não. Ela só não será candidata se não quiser", cravou. Recentemente, o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa admitiu a possibilidade de concorrer ao Planalto e apareceu como possível cabeça de chapa da sigla na disputa pela Presidência da República: "Se ele quiser integrar os quadros da Rede, eventualmente compor uma chapa com Marina também, ele é muito bem-vindo"
[SAIBAMAIS]Para Molon, a ex-senadora e ex-ministra é "a única candidata que consegue bater qualquer nome no segundo turno". "Pela sua capacidade de dialogar com todo o Brasil, não apenas com um lado da sociedade. Acho que o Brasil está precisando de alguém que consiga de alguma maneira dialogar com o setor produtivo e com o povo brasileiro. De alguém que consiga fazer uma gestão eficiente da economia, mas também entregue serviços públicos de qualidade. Que tenha como preocupação central a superação da desiguladade, mas que faça isso através de uma economia que funcione e gere emprego e renda", avaliou.
Por fim, o deputado comentou sobre a possibilidade de seu companheiro de Câmara Jair Bolsonaro (PSC-RJ) ser eleito para a Presidência da República. Na última pesquisa do instituto Datafolha, divulgada na segunda-feira (26/6), Bolsonaro aparece em segundo lugar em diversos cenários, tecnicamente empatado com Marina Silva.
"Seria muito ruim para o Brasil. Divergências políticas, de ideias, são naturais e saudáveis para a democracia. Agora, há determinados limites que são os direitos fundamentais: o direito à vida, à integridade física. Então, alguém que defende a tortura como algo razoável, não pode presidir um país como o Brasil", concluiu Molon.
Confira a entrevista na íntegra:
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