Rodolfo Costa
postado em 28/06/2017 19:50
O presidente Michel Temer escolheu, na noite desta quarta-feira (28/6), a sub-procuradora geral Raquel Elias Doges para o cargo de procuradora Geral da República. Ela é a primeira mulher a ser nomeada para PGR. A decisão veio um dia após a divulgação da lista tríplice indicada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
[SAIBAMAIS] Líderes na Câmara se encontraram com o presidente da República nesta quarta-feira e expressaram a importância de ele agilizar o processo de escolha do sucessor de Rodrigo Janot. Eles avaliaram que isso era vital para colocar Janot em segundo plano dentro da PGR.
O procurador Nicolao Dino recebeu a maior quantidade de fotos (621), entre os mais de 1.300 votantes. Ele não é um perfil que agrada o presidente Michel Temer, logo, especialistas já acreditavam que, apesar dos números, ele não seria o escolhido. Também vice-procurador-geral eleitoral, Dino defendeu a tese que permitia a cassação da chapa Dilma Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A eleita nova procuradora-geral da república, Raquel Dodge, recebeu 587 votos, ficando em segundo lugar na lista proposta pela ANPR. O terceiro colocado na lista, o subprocurador-geral Mário Luiz Bonsaglia, com 564 eleitores.
O presidente Michel Temer não era obrigado a escolher nenhum dos nomes da lista. A ordem dos nomes por maioria de votos também não precisava ser seguida, apesar da tradição. O primeiro da lista também é o escolhido pelo presidente da República desde a época.
Como adiantou o Blog do Vicente, em publicação feita na noite de terça-feira (27/6), aliados do presidente Michel Temer já confirmavam que o chefe do Executivo Nacional já tinha um discuso pronto, ensaiado, para indicar Raquel ao cargo maior da PGR.
Segundo adiantou a publicação, Temer, segundo auxiliares, usaria o discurso de que estaria nomeando a primeira mulher para a chefia da PGR, um feito histórico. Como se sabe, o presidente foi muito criticado quando anunciou seu ministério, quase que exclusivamente masculino e branco.
"No que depender de Temer, Raquel Dodge será a Procuradora-Geral da República. Entre os três que compõem a lista tríplice, ela é a mais moderada. Não tem sangue nos olhos", diz um integrante do Palácio do Planalto. "Além de tudo, tem o apoio de gente importante do PMDB", acrescenta.
Amigos de Raquel garantem, porém, que as informações de que a procuradora teria o apoio de peemedebistas, como o senador Renan Calheiros (AL), eram falsas e tinham como único objetivo queimá-la junto à opinião pública. Raquel, segundo os amigos, é independente e muito capacitada para comandar a PGR.
Os mesmos amigos garantem que Raquel é uma grande defensora da Lava-Jato. E que vai levar adiante todos os processos conduzidos por Janot. "Ela não aceitará a pecha de que foi colocada na PGR para se tornar uma engavetadora-geral da República", disse um desses amigos ao Blog do Vicente.
Quem é ela
Raquel é subprocuradora-geral da República e oficia no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em matéria criminal. Integra a 3; Câmara de Coordenação e Revisão, que trata de assuntos relacionados ao Consumidor e à Ordem Econômica. É membro do Conselho Superior do Ministério Público pelo terceiro biênio consecutivo. Foi Coordenadora da Câmara Criminal do MPF, membro da 6; Câmara, Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão Adjunta. Atuou na equipe que redigiu o I Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil, e na I e II Comissão para adaptar o Código
Penal Brasileiro ao Estatuto de Roma. Atuou na Operação Caixa de Pandora e, em primeira instância, na equipe que processou criminalmente Hildebrando Paschoal e o Esquadrão da Morte. É Mestre em Direito pela Universidade de Harvard.