Politica

Procuradores da Lava-Jato dizem sim a Raquel Dodge

Raquel não é alinhada ao procurador-geral Rodrigo Janot, que trava um embate histórico com Temer

Agência Estado
postado em 30/06/2017 14:19
A força-tarefa da Operação Lava-Jato, no Paraná, declarou publicamente nesta sexta-feira (30/6) apoio à subprocuradora da República Raquel Dodge por sua indicação para o cargo de procurador-geral da República. Na terça-feira (28/6), o presidente Michel Temer (PMDB) escolheu, para a cadeira hoje ocupada por Rodrigo Janot, o segundo nome da lista tríplice da eleição interna da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Raquel Dodge.

Em nota, a força-tarefa do Ministério Público Federal que conduz a Lava-Jato afirmou que Raquel ;possui uma respeitada história na instituição e demonstrou ter a confiança da classe;.

"A força-tarefa faz votos de que a subprocuradora-geral possa liderar a instituição na continuidade do consistente trabalho de combate à corrupção que vem sendo feito pelo MPF nos últimos anos, na defesa dos direitos humanos e no cumprimento dos deveres constitucionais e legais do Ministério Público", diz a nota.

"Os procuradores da força-tarefa Lava-Jato aproveitam a oportunidade para reiterar seu compromisso de dar fiel cumprimento a suas responsabilidades institucionais, especialmente lutando contra a corrupção, o desvio de recursos públicos, a criminalidade organizada e a lavagem de dinheiro."

Raquel não é alinhada ao procurador-geral Rodrigo Janot, que trava um embate histórico com Temer. Na segunda-feira (29/6), Janot denunciou criminalmente o presidente por corrupção passiva no caso JBS. Temer partiu para o enfrentamento e, em manifestação pública, desafiou o procurador a apresentar provas contra ele.

O mandato de Janot vai até setembro. O nome de Raquel será submetido a uma sabatina no Senado. Se for aprovada, ela assume mandato por dois anos.

Ao contrário de Janot, a escolhida de Temer mantém boas relações com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), crítico recorrente dos métodos do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato.

Os procuradores, em todo país, haviam eleito na terça-feira (27/6) os subprocuradores-gerais da República Nicolao Dino, Raquel Dodge e Mario Bonsaglia, pela ordem, para a lista tríplice. Nicolao teve 621 votos, Raquel, 587 e Mário, 564. A diferença entre Nicolao e Raquel foi de 34 votos.

Ao indicar Raquel Dodge, o presidente quebrou uma tradição que vinha sendo mantida desde o primeiro governo Lula e por sua sucessora Dilma - ambos prestigiaram o primeiro colocado da lista tríplice.

A Constituição confere ao presidente a prerrogativa de escolher o chefe do Ministério Público Federal. O presidente não é obrigado a seguir nenhuma indicação da lista.

Perfil


Raquel Elias Ferreira Dodge é Subprocuradora-Geral da República e oficia no Superior Tribunal de Justiça em matéria criminal. Integra a 3; Câmara de Coordenação e Revisão, que trata de assuntos relacionados ao Consumidor e à Ordem Econômica. É membro do Conselho Superior do Ministério Público pelo terceiro biênio consecutivo. Foi Coordenadora da Câmara Criminal do MPF, membro da 6; Câmara, Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão Adjunta.

Atuou na equipe que redigiu o I Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil, e na I e II Comissão para adaptar o Código Penal Brasileiro ao Estatuto de Roma. Atuou na Operação Caixa de Pandora e, em primeira instância, na equipe que processou criminalmente Hildebrando Paschoal e o Esquadrão da Morte. É Mestre em Direito pela Universidade de Harvard. Ingressou no MPF em 1987.

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