Renato Souza
postado em 31/07/2017 06:05
Os presos na Operação cobra|, 42; fase da Lava-Jato, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na semana passada, prestam depoimento nesta segunda-feira (31/7) na Superintendência do órgão em Curitiba. De acordo com a delegada Renata da Silva Rodrigues, o ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil (BB), Aldemir Bendine, e os publicitários André Gustavo Vieira e Antônio Carlos Vieira serão ouvidos sobre os documentos recolhidos durante a investigação. Nessa audiência, a Justiça decide se mantém os acusados presos ou se libera para que respondam ao processo em liberdade. A prisão temporária, que dura cinco dias, pode ser convertida em preventiva, ou seja, por tempo indeterminado.
O trio é acusado de integrar um esquema criminoso que recebeu propina da construtura Odebrecht, em troca de benefícios para a empreiteira, tanto no Banco do Brasil, quanto na estatal de petróleo. De acordo com as investigações, quando era presidente do BB, Bendine solicitou R$ 17 milhões para Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira, para rolar dívidas com o banco público. Os encargos venciam entre 2015 e 2017 e superavam R$ 1 bilhão. No entanto, duvidando da capacidade de Bendine para influenciar nas decisões do banco, Odebrecht optou por não efetuar o pagamento solicitado.
Porém, após assumir a da Petrobras, em 2015, Bendine continuou, de acordo com o Ministério Público, a usar o cargo para obter vantagem indevida. De acordo com a denúncia, Bendine recebeu R$ 3 milhões de forma ilegal, para garantir que o Grupo Odebrecht não viesse a ser prejudicado em futuras contratações da estatal.
Publicitário
O publicitário André Gustavo é acusado de usar a empresa Arcos Comunicação para receber o dinheiro ilegal. A estratégia era alegar que o dinheiro recebido vinha de serviços de publicidade. O montante era repassado para os envolvidos no esquema, de acordo com as investigações.
A expectativa é de que Aldemir Bendine responda aos questionamentos da PF e aceite colaborar com o trabalho da Justiça. Na petição, que pede a soltura de seu cliente, os advogados de Bendine alegam que ;a liberdade dele não compromete as investigações ou a colheita de provas no inquérito policial;. A defesa também sustenta que não existe motivo para desconfiar da viagem que o gestor faria a Portugal, pois já estava com passagem marcada para voltar ao Brasil. Os advogados apresentaram comprovantes do parcelamento das passagens de ida e volta no cartão de crédito dele.
Bendine ficou à frente da Petrobras de 6 de fevereiro de 2015 até 30 de maio de 2016. Nesse período, os pagamentos ilegais, segundo os investigadores, foram divididos em três parcelas de R$ 1 milhão, cada uma. Preso sob acusação de ter recebido esses recursos, o publicitário André Gustavo presta depoimento também em Curitiba.
De acordo com os procuradores, ele pagou os tributos sobre o dinheiro recebido meses após o início das investigações, em uma tentativa de dar aura de legalidade ao montante repassado pela Odebrecht. ;Buscando dar aparência lícita para os recursos, o operador financeiro, após tomar ciência das investigações, efetuou o recolhimento dos tributos relacionados à suposta consultoria, cerca de dois anos após os pagamentos, com o objetivo de dissimular a origem criminosa dos valores. Há indícios de que a documentação também tenha sido produzida com intuito de ludibriar e obstruir as investigações;, destaca o Ministério Público na denúncia enviada ao juiz Sérgio Moro, da 13; Vara Federal de Curitiba.