Agência Estado
postado em 24/08/2017 21:37
O presidente Michel Temer rebateu nesta quinta-feira (24/8) as críticas de encontros fora da agenda e tarde da noite no Palácio do Jaburu e disse, em entrevista ao SBT Brasil, que conversa com quem "quiser, na hora que achar mais oportuna e onde quiser". O presidente foi perguntado especificamente sobre o encontro com a futura Procuradora-geral da Republica, Raquel Dogde, que esteve com o presidente no ultimo dia 8 no Jaburu fora da agenda.
Raquel substituirá Rodrigo Janot, considerado algoz do presidente após denunciá-lo por corrupção passiva. "O fato de eu conversar com você não significa que você vai me proteger", disse. Segundo Temer, é preciso "acabar com essa historia que você não poder conversar com as pessoas".
"Quem fala que dez horas da noite é tarde deve ser porque trabalha até as seis e acha que depois das seis ninguém pode trabalhar", disse. "O presidente da República trabalha permanentemente e ele não tem local de trabalho." Além do encontro com Raquel em agosto, outros encontros noturnos fora da agenda de Temer no Jaburu causaram polêmica.
Na noite de 7 de março, ele recebeu o empresário Joesley Batista, do grupo JBS, que o gravou. Depois, noite do dia 6 deste mês, o presidente recebeu o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. O encontro de Batista veio a público quando o empresário entregou a gravação da conversa com Temer para o Ministério Público, provocando a maior crise do atual governo. Assim como ocorreu no caso da visita de Raquel Dodge, a reunião de Temer com Mendes foi revelada por um cinegrafista que fazia plantão do lado de fora do palácio.
Na entrevista ao SBT Brasil hoje, Temer disse que o pior momento na crise política que o governo atravessa foi justamente quando veio a público a gravação de Joesley. "O mais chocante ainda foi que alardeou-se uma frase com a qual eu teria concordado, a frase seria a seguinte, ;olha, estou dando dinheiro lá para ex-deputado (Cunha).." e que eu teria dito ;mantenha isso;. Mas quando o áudio foi exposto, e tive acesso ao áudio, vi que a conversa era outra. Joesley disse Eu ;tô de bem com ele;, eu disse, ;mantenha isso;", explicou. "Isso me chocou muito porque sua reputação moral que entra em pauta, entra em jogo."
Semipresidencialismo
O presidente disse também que acha que será um importante passo se o Brasil conseguir optar por um modelo de semipresidencialismo a partir de 2022 e que provavelmente haverá uma consulta a população por referendo.
Segundo ele, neste sistema, o presidente teria funções relevantes, mas delegaria a chefia de governo e administração ao primeiro-ministro. "Seria útil", disse Temer, explicando que o presidente seria o responsável pela escolha do primeiro-ministro "Vai depender muito do que o Congresso decidir. Se conseguirmos - ou melhor, se o congresso conseguir porque é uma Emenda Constitucional - para 2022 já é um passo num âmbito muito sério para o Brasil", disse.
Ao ser questionado se uma mudança deste porte exigiria algum tipo de consulta popular, Temer disse que o Congresso poderia decidir sozinho, mas ponderou que "talvez" seja "muito provável a necessidade de um referendo". "Eu acho que o Congresso tem a competência para definir por si próprio qual é o sistema que ele prefere para o Brasil. Mas é muito provável que nas discussões do parlamento se opte pela ideia de um referendo", afirmou. Indagado sobre sua opinião pessoal sobre o tema respondeu: "Eu acho talvez muito provável a necessidade de um referendo."
Ontem, Temer conversou sobre o tema com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. Na conversa com Temer, foi abordada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pelo ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, em 2016, quando o tucano estava no Senado.
Durante o Forum Estadão esta semana, Gilmar defendeu um regime "semipresidencialista" a partir de 2022 e disse que esse sistema de governo evitaria muitas das crises políticas que atingem o País hoje e traria responsabilidade maior ao Congresso Nacional
Eletrobras
O presidente disse ainda que o modelo da privatização da Eletrobras tem que ser analisado, mas que o objetivo é baratear a energia elétrica. "Acabamos de anunciar essa fórmula. A primeira ideia é que isso pode baratear a conta de energia elétrica. É a primeira ideia. Agora não temos dados concretos. Ninguém tem dados concretos para isso", disse. "A ideia é baratear, buscar modelo que não encareça, ao contrário, reduza o preço", completou.