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Janot apresenta denúncia contra caciques do PMDB: Jucá, Renan e Sarney

Eles foram denunciados por supostamente receberem propina de recursos desviados da Transpetro


Eles foram denunciados por supostamente receberem propina de recursos desviados da Transpetro. Além do trio, também foram alvos da denúncia os senadores Valdir Raupp (RO) e Garibaldi Alves (RN) ; ambos do PMDB ;; o ex-presidente da Transpetro e ex-senador Sergio Machado; o ex-presidente da Odebrecht Ambiental Fernando Reis; e os executivos Luiz Fernando Maramaldo e Nelson Maramaldo, sócios da NM Engenharia.
Todos os suspeitos são acusados no inquérito 4215, do Supremo, que apurava inicialmente se Renan Calheiros e o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) teriam recebido propina. As investigações apuram se houve os crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
Para que os denunciados se tornem réus, o caso precisa ser aceito pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A denúncia será analisada, inicialmente, pelo relator da Lava-Jato na Corte, ministro Edson Fachin. Depois, ela deve ser levada à Segunda Turma, que é composta ainda pelos ministros Celso de Mello, Ricardo Lewandowski, Dias Tofolli e Gilmar Mendes.


Temer

A denúncia apresentada por Janot contra Michel Temer por corrupção passiva ; com base na delação do empresário Joesley Batista, da JBS ; acabou barrada pelo Congresso antes de chegar ao STF. Isso porque para que um presidente da República possa ser denunciado, é necessária a aprovação de dois terços dos deputados (342). A votação no plenário da Casa, realizada em 2 de agosto, acabou com um placar de 264 parlamentares contrários ao prosseguimento da denúncia, 227 favoráveis, duas abstenções e 19 ausências. Há a expectativa de que o procurador-geral da República apresente uma nova denúncia contra Temer, também com base na delação de Joesley, antes de deixar o cargo, em 17 de setembro.


Histórico

A denúncia apresentada nesta sexta-feira tem como base a deleção premiada de Sérgio Machado. O acordo de colaboração do ex-presidente da Transpetro foi fechado no início do ano passado. O caso ficou marcado pela divulgação de áudios de conversas entre Machado e Jucá, Sarney e Renan.

Em uma dessas conversas, Jucá e o delator chegaram a falar que a "solução era botar o Michel, num grande acordo nacional, com Supremo com tudo", em possível referência a uma tentativa de barrar a Operação Lava-Jato. A diuvlgação desse áudio culminou no pedido de afastamento do senador do cargo de Ministro do Planejamento, que ele ocupava na ocasião.

À época, Janot chegou a apresentar uma ação cautelar, pedindo a prisão do trio de peemedebistas. O STF, no entanto, negou o pedido, após a Polícia Federal apresentar um relatório concluindo que não havia como comprovar, com base nos áudios, uma tentativa de obstrução de Justiça. Contudo, o inquérito continuou e o procurador-geral da República, convicto de que houve, sim, um crime, apresentou a denúncia nesta sexta.
A relação do delator com os denunciados é antiga. Foi Renan, aliás, quem indicou Machado para a presidência da Transpetro, em 2003, durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.