Agência Estado
postado em 02/09/2017 12:29
O objetivo é reduzir o custo das campanhas e retirar qualquer toque de "superprodução" das peças que vão para o ar.
O texto, redigido por uma equipe técnica do TSE, prevê que a gravação da propaganda eleitoral seja feita em estúdio, com proibição expressa de uso de cenários, gravações externas, computação gráfica e "quaisquer efeitos especiais". A proibição vale para qualquer tipo de propaganda eleitoral, inclusive inserções.
"Esta é uma regra que favorece candidatos como Lula ou Doria, bons atores. Ela desfavorece outros como Alckmin (Geraldo Alckmin, governador de São Paulo) ou Marina Silva que não tem a mesma facilidade diante das câmeras. O que encarece campanhas não são infográficos ou montagens, mas o que se gasta para comprar votos, tanto no varejo, como no atacado em sindicatos, igrejas ou movimentos sociais", disse Meirelles à reportagem, em resposta enviada por e-mail.
[SAIBAMAIS]Para o cineasta, o que torna o jogo "realmente desleal" é o critério de definição de tempo para cada candidato na TV, baseado no tamanho das bancadas na Câmara dos Deputados.
"A deslealdade se repete nos critérios para a distribuição de verba pública proposta. Os deputados estão criando regras para que não sejam varridos de cena, mas sinto que em 2018 haverá uma grande renovação no Congresso", afirmou o diretor.
Marqueteiros. Profissionais que trabalham com marketing político também criticam as sugestões do TSE.
Para o publicitário Lula Magalhães, responsável pela campanha vitoriosa de Doria à Prefeitura de São Paulo em 2016, a proposta é "inócua". "Elas (as ideias) são limitantes para quem não conhece bem ferramentas de comunicação. O que faz diferença mesmo é o conteúdo na fala do candidato", avaliou.
O publicitário Elsinho Mouco, que atua como marqueteiro do presidente Michel Temer, reprovou a medida. "É melhor cancelar os programas eleitorais, só permitindo as inserções de 30 segundos, do que querer censurar o trabalho do publicitário brasileiro. É melhor moralizar o marketing das campanhas eleitorais do que limitar", afirmou.
O jornalista Edinho Barbosa considera a medida uma "censura". "Isso é um atentado à comunicação. Não se pode empurrar para a comunicação uma responsabilidade que não é dela. A responsabilidade pelo caos político é dos políticos, e não da comunicação", disse Barbosa, que já trabalhou para o PT e para o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) - morto em 2014