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Janot: há indícios de que delatores da JBS omitiram informações

Ministério Público avalia a possibilidade de anular a delação dos executivos Joesley Batista e Ricardo Saud. PGR também menciona indícios de ato ilítcitos cometidos pelo ex-procurador Marcelo Miller



Gravações obtidas pelo Ministério Público indicam que os delatores da JBS, maior produtora de proteína animal do mundo, omitiram informações durante depoimentos de delação premiada. A informação foi dada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em entrevista coletiva no fim da tarde desta segunda-feira (4/9).
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De acordo com Janot, os indícios de omissão, que podem levar à anulação da delação do dono da JBS Joesley Batista e do executivo da empresa Ricardo Saud, estão em uma gravação feita, sem querer, pelo próprio Joesley.

O áudio, de quatro horas, acabou sendo repassado pelo empresário aos investigadores do Ministério Público e traz "informações gravíssimas" de fatos graves e ilícitos ocorridos na Procuradoria-Geral da República (PGR) e no Supremo Tribunal Federal (STF), segundo o procurador-geral. "São feitas referências indevidas à PGR e ao STF. Temos indícios de conduta em tese criminosa por parte do ex-procurador Marcelo Miller", completou.

Miller trabalhou de maneira próxima a Janot até março deste ano, quando se desligou do Ministério Público Federal para se tornar sócio do escritório de advocacia Trench Rossi Watanabe, que tem entre as atividades a negociação de delações.

Janot contou que a gravação traz uma conversa, de linguagem comum e natural, entre Joesley e um interlocutor cuja identidade não foi revelada. A novidade, ressaltu o procurador-geral, não invalida as provas já obtidas. "A gravação foi entregue na semana passada. Revelam fatos graves, que podem resultar na anulação da delação dos executivos da JBS, sem prejuízo para as provas que estão no processo", declarou Janot.