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Rodrigo Janot recebe arco e flecha em cerimônia de despedida na PGR

O relatório da gestão Janot apresentado pela Procuradoria-Geral da República destacou que "pela primeira vez na história do Brasil, um presidente da República foi denunciado por crime supostamente cometido no curso do mandato"


Janot foi aplaudido por cerca de 400 procuradores e servidores. Compareceram à cerimônia os ex-procuradores-gerais Cláudio Fonteles, Aristides Junqueira e Sepúlveda Pertence. Chamou a atenção a ausência de Raquel Dodge, sua sucessora na PGR, que assume o posto na segunda-feira.

O relatório da gestão Janot apresentado pela Procuradoria-Geral da República destacou que "pela primeira vez na história do Brasil, um presidente da República foi denunciado por crime supostamente cometido no curso do mandato".

O texto, no entanto, reconhece a polêmica em torno das delações que basearam as investigações contra o presidente Michel Temer. "Por ter previsto imunidade processual, muito se questionou sobre a qualidade das informações trazidas pelos executivos da J em acordo de colaboração premiada."

Dois dos principais delatores do grupo, o acionista Joesley Batista e o ex-executivo Ricardo Saud, após divulgação de um áudio que indicou omissão de informações importantes em seus depoimentos, tiveram o acordo de colaboração rescindido por Janot e foram denunciados na quinta-feira, 14, junto com Temer por obstrução de Justiça, sob acusação de tentar comprar o compromisso de Lúcio Funaro de não firmar acordo de delação premiada. Funaro foi o operador das propinas movimentadas pelo PMDB na Câmara.

O grupo de trabalho criado para auxiliar o Janot na Lava-Jato contou com dez integrantes efetivos e mais cinco colaboradores. A PGR assinala que o número de investigados já chega a 450, entre pessoas físicas e jurídicas, divididos em 178 inquéritos. Foram firmados 159 acordos de colaboração premiada. Janot afirmou, no evento, que a Lava-Jato respondeu por 18,7% dos processos movimentados pela PGR no STF.

A PGR também destacou a redução em 70% do número de processos judiciais no gabinete, que era de 2.330 na posse de Janot, em 2013, e no fim de agosto estava em 595.