"Não tenho agenda com o presidente, não tenho interesse de ter agenda com o presidente. Sou deputada há 3 anos, as pautas mínimas para o meu Estado não foram atendidas e isso demonstra aos 45 minutos do segundo tempo um desrespeito", disse.
Temer dedicou esta terça-feira ao corpo a corpo com parlamentares, repetindo a fórmula usada para derrubar a primeira denúncia por corrupção passiva. Só hoje, Temer anunciou que abriria as portas de seu gabinete para mais de 40 deputados em quase 12 horas de agenda. No período da manhã foram 14 deputados atendidos no gabinete presidencial.
Shéridan disse que foi informada que seu nome figurava na lista de parlamentares que seriam recebidos por Temer pela imprensa e mandou seu gabinete avisar que ela não compareceria ao encontro. Ela disse que não se sente constrangida com o episódio porque "esse governo não tem estatura para constranger ninguém."
"Não tenho interesse em fazer parte dessa agenda num momento super delicado que a gente vive dentro do Congresso, onde há um grande arranjo, uma grande orquestração para livrar o presidente de mais uma denúncia", enfatizou. A deputada reclamou que a agenda expõe ela perante seus eleitores e passa a impressão de que ela está disposta a negociar voto à favor do governo.
A deputada também usou as redes sociais para protestar. Em sua página no Twitter, Shéridan se mostrou cética em relação ao avanço da denúncia na Câmara. "Novamente vai começar a saga de defender o indefensável. Mais uma odisseia de um relatório que já sabemos o que dirá", escreveu. Na votação da primeira denúncia contra Temer no plenário da Câmara, a deputada tucana não registrou presença.
A denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Temer ainda vai passar pela análise da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara antes de ser apreciada no plenário. O relatório sobre a peça será elaborado pelo deputado Bonifácio Andrada (PSDB-MG), que já iniciou os trabalhos e aguarda a apresentação das defesas por escrito dos acusados para marcar a data de entrega de seu parecer. Além de Temer, também são acusados por obstrução de Justiça e organização criminosa os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral da Presidência).