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Base e oposição divergem sobre votação de denúncia no plenário

Enquanto líder do PT vê mudança desfavorável ao governo, aliados acreditam em mais votos para Temer

Um dia depois da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovar o parecer pedindo a rejeição da denúncia contra o presidente da República Michel Temer e dois de seus ministros, tanto base aliada e oposição divergem sobre como a votação vai se refletir no plenário, no dia 25 deste mês.

Em entrevistas no salão verde, deputados mostraram-se confiantes nos dois lados do debate: tanto base quanto oposição veem seus votos crescendo em relação à primeira denúncia. Primeiro a falar, o líder do PT na Casa, Carlos Zarattini (PT-SP) argumentou que há um desconforto na base aliada. "Nossa avaliação política é que a situação vem lentamente mudando de forma desfavorável ao governo", afirmou.
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O líder do partido lembrou de medidas como a que redefine a divulgação da lista suja contra o trabalho escravo, motivo de críticas generalizadas entre classe política, entidades especializadas e sociedade civil. Outro ponto envolve o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. "A desavença entre o Rodrigo Maia e o governo surge destas contradições. O Rodrigo Maia é uma pessoa que dialoga com o setor financeiro, e este mercado está vendo que o governo não tem condições de levar suas propostas para a frente", afirmou Zarattini. O deputado preferiu não calcular votos ainda, argumentando que isso é um tema para a próxima semana.

Para a base aliada, porém, tal desconforto não existe. "Quem está apostando em um rompimento entre o presidente Rodrigo Maia e o presidente Temer está apostando errado", afirmou o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos líderes do governo na casa e que falou logo após Zarattini. "Temos um objetivo em comum, que é o avanço do país. E é isso que vai balizar as grandes decisões, tanto de um quanto de outro".

Mesmo o placar menor na CCJ, em relação à primeira votação de julho, aparenta acender o sinal amarelo na base. "Todos sabem que a denúncia cai", afirmou Marun. O deputado calculou que em "até mais 20 votos" em relação aos 263 votos que pediam a rejeição da primeira denúncia, em agosto. "A denúncia é mais frágil, e denunciante está mais fragilizado".