Politica

Oposição promete esvaziar sessão que votará segunda denúncia contra Temer

Objetivo é ganhar tempo para angariar apoio; para líder, governo não tem quorum para conseguir vencer sozinho

Guilherme Mendes - Especial para o Correio
postado em 24/10/2017 12:30
A oposição contra Michel Temer alega que, hoje, tem mais de 250 votos para o prosseguimento da denúncia
A oposição ao governo Temer na Câmara definiu a estratégia para a votação da segunda denúncia contra o presidente, agendada para esta quarta-feira. Em entrevista coletiva no Salão Verde da Casa, no fim da manhã desta terça-feira (24/10), líderes de partidos dos partidos afirmaram que não marcarão presença no painel, o que deve dificultar o quorum para a votação.

Líderes do PT, PDT, PSB, PCdoB e REDE argumentaram que o momento é de angariar votos de uma base aliada que, acreditaram, está cada vez mais esfacelada. "Este é o melhor caminho, até para cada um se preservar. Não vindo à Casa, não dar presença, para que o governo mostre sua cara e mostre sua força", disse o líder da Minoria, José Guimarães (PT-CE). "O governo não tem, nem de perto, os 342 votos para iniciar a votação", afirmou.

A oposição contra Michel Temer alega que, hoje, tem mais de 250 votos para o prosseguimento da denúncia. O objetivo, até amanhã, é articular apoio entre partidos descontentes com o Planalto. Líderes de oposição acreditam que a fidelidade de legendas como PR, PSD e PSDB podem ser abaladas, enquanto a de partidos como o PP deverão se manter fiéis a Temer.

O número revelado pelos parlamentares, em relação aos 227 votos obtidos na votação da primeira denúncia em agosto, representa um avanço tímido. O caminho a ser percorrido será longo: são necessários 342 votos para que a denúncia seja investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo Guimarães, cada líder de bancada oposicionista terá um papel definido para a sessão desta quarta, seja angariando mais votos, seja convencendo parlamentares a não marcarem presença no painel da Câmara. Caso o governo consiga 342 deputados presentes para iniciar a votação, a oposição então confirmará presença.

Para o líder do PT na Casa, Carlos Zarattini (SP), é o caso de uma "mobilização ao contrário". Zarattini engrossou o coro contra o governo, onde todos os líderes presentes acusaram o governo de promover a liberação de verbas e cargos por votos contrários à denúncia. "Não é mais possível que o Brasil resista a tanto saque e tanto desmonte como estamos vendo agora", disse.

Acusando Michel Temer de pagar para deputados apenas para comparecerem na sessão, Jandira Feghali (PCdoB-RJ) acredita na possibilidade de reverter 115 votos, ou 22% dos deputados, nas próximas 24 horas. "Ganhar tempo nos favorece", afirmou a parlamentar.

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