postado em 06/11/2017 11:53
O deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) negou nesta segunda-feira (6/11) ter despesas como a compra de carros, pagas pelo seu ex-operador financeiro Lúcio Funaro, a quem chamou de ;mentiroso;. Cunha também negou ter recebido propina para suas campanhas políticas, segundo ele, por ;não ser necessário;, uma vez que as doações legais que obtinha eram ;mais do que suficientes;.
;[Funaro] nunca me pagou um carro com dinheiro dele, isso é história da carochinha;, afirmou Cunha. "A delação que ele faz agora está me transformando no Posto Ipiranga. Tudo é Eduardo Cunha."
pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10; Vara Federal de Brasília, responsável pela Operação Sépsis, na qual são investigadas irregularidades na vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, ocupada por Moreira até 2011.
Na semana passada, o ex-deputado foi acusado por Funaro de encabeçar um esquema de pagamento de propina envolvendo o Grupo Bertin, em troca da liberação de um aporte milionário do Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS), operado pela Caixa.
Na ocasião, o corretor de valores relatou ter participado de um almoço com a participação de Cunha e de Natlino Bertin, controlador do grupo, em um hotel de Brasília. O ex-deputado Cândido Vaccarezza, então no PT, também teria participado. No encontro, foram combinados repasses ilegais ao PT e ao PMDB, segundo Funaro, que assinou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).
Na manhã de hoje, Cunha afirmou que ;não duvida; do repasse de propina para campanhas do PMDB, que teria sido intermediado pelo ministro Moreira Franco, da Secretaria Especial da Presidência, quando ele ocupava uma das vice-presidências da Caixa Econômica Federal. O ex-deputado, entretanto, negou seu envolvimento no esquema.
;Se Moreira Franco recebeu [propina], e em se tratando de Moreira Franco até não duvido, mas não foi por minhas mãos;, afirmou Cunha, que admitiu ter marcado uma audiência, a pedido de Funaro, entre Natalino Bertin e Moreira Franco, mas negou ter participado de qualquer encontro ou ter ciência de qualquer acerto irregular.
Encontros com Temer
Cunha desqualificou as afirmações de Funaro de que o presidente Michel Temer teria recebido ao menos R$ 2 milhões em repasses ilegais do Grupo Bertin para a campanha presidencial de 2010, quando foi candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff. Para Cunha, ao citar Temer, o corretor de valores faz ;uma tentativa de chamar atenção;.
O ex-deputado afirmou ter convicção de que, ao contrário do que Funaro relatou em sua delação premiada, o corretor de valores nunca sequer cumprimentou Temer. ;Lúcio nunca chegou perto, tenho absoluta convicção disso;, afirmou Cunha.
;Estou colocando isso apenas para demonstrar o histórico das mentiras. Na minha frente nunca cumprimentou o Michel Temer, nem um bom-dia;, repetiu o ex-deputado.
O depoimento de Cunha na ação penal resultante da Operação Sépsis continua ao longo desta segunda-feira. Outros três réus já foram ouvidos na semana passada - além de Funaro, Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa, e Alexandre Magotto, ex-funcionário do corretor de valores. O ex-ministro Henrique Eduardo Alves, também réu, será o último a ser interrogado.