Rodolfo Costa
postado em 13/12/2017 06:00
Entre idas e vindas. Assim foi o tom de confiança do presidente da República, Michel Temer, quanto à possibilidade de aprovação da reforma da Previdência ainda em 2017. No início da tarde de ontem, após almoço no Palácio do Itamaraty com o presidente da Macedônia, Gjorge Ivanov, o peemedebista chegou a dar sinais de consternação de que a apreciação do texto poderia ficar para 2018. Entre discursos ao fim da tarde e início da noite no Palácio do Planalto, no entanto, a entonação era outra. O chefe do Executivo Federal foi assertivo, mostrando empenho para que a proposta seja votada na Câmara dos Deputados na próxima semana.
A mudança no tom não poderia ser diferente. Afinal, Temer deu, no final da tarde de ontem, a cartada final pela aprovação da reforma. Às 18h, iniciou a uma reunião no Palácio do Planalto com a presença de cerca de 154 dirigentes empresariais. O evento ainda contou com a presença de ministros e líderes governistas. ;Precisamos fazê-la (a votação) já. O momento é agora. Por isso, temos que aprovar este ano, com apoio do Congresso;, afirmou. Confiante, o peemedebista ressaltou que não teme os efeitos de uma possível derrota. ;Evidentemente não seria uma derrota. De qualquer maneira, a reforma ficará na pauta o tempo todo;, justificou.
O presidente reconhece ser ;mais do que legítimo; que os parlamentares se preocupem com os efeitos de uma eventual votação da proposta para as aspirações nas eleições de 2018. Mas ressalta que, com o texto, ;o tempo todo; na pauta da Câmara significa que não haverá candidato a senador, deputado federal, governador e presidente que não será questionado a respeito da posição sobre a reforma. ;Seja em 2018, ou em 2019. E não queremos que aconteça. Acontecendo isso agora (a votação este ano), tira isso da frente. Votamos agora (este mês) na Câmara, e em fevereiro no Senado;, destacou.
[SAIBAMAIS]As declarações de Temer aos empresários mostraram uma confiança bem diferente da proferida horas antes. À imprensa, no Itamaraty, o peemedebista destacou que, se o governo tiver os 308 votos, a proposta vai à votação. ;Caso contrário, espera-se o retorno em fevereiro, e marca-se (a votação) em fevereiro;, disse. Mas o governo não quer esperar. Nem alguns líderes da base. Na reunião com os dirigentes, o líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), assegurou que as lideranças ;farão de tudo; para aprovar a reforma este mês. ;A hora é agora;, afirmou.
Os empresários terão um papel importante no processo de convencimento de deputados. A eles o governo incumbiu o dever de destacar a importância da matéria em ;publicações, falas e em encontros;, pediu Temer. Cobrança feita e que já é acatada. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, disse que dirigentes da entidade estão levando aos parlamentares o pedido de ;sair do imediatismo; e ;pensar em um país melhor para o futuro;. ;Por isso, concordamos que tem que ser votado imediatamente. Temos que ir à luta e conseguir os votos. A sociedade está madura para entender isso. Todos entendem que, se não aprovar hoje, não dá mais para esperar;, disse.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, também cobrou a importância de que a reforma seja aprovada ainda em 2017. ;Se não aprovarmos agora, vamos ter municípios e estados com grandes dificuldades fiscais, como vemos hoje;, avaliou. O apoio à reforma não ficará restrito aos empresários. Na manhã de hoje, no Planalto, Temer receberá cerca de 200 prefeitos para cobrar o apoio à proposta, nos mesmos moldes dos líderes empresariais.
Há, no entanto, líderes governistas que ainda adotam uma linha mais comedida quanto à possibilidade de votar o texto em 2017. Para o deputado Arthur Maia (PPS-BA), é preciso votar apenas quando o governo tiver os votos necessários. E não apenas 308. ;Uma derrota representaria um grave risco para a nossa economia. E, por isso, temos que ir com garantia não de 308 votos, mas com 320 ou 330. Temos que fazer com maestria para coroar todas as reformas feitas;, sustentou.