Natália Lambert
postado em 13/12/2017 11:38
Depois da pressão de colegas parlamentares e do Palácio do Planalto, o deputado ;quase ministro; Carlos Marun (PMDB-MS) alterou o relatório da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) da JBS e voltou atrás no pedido de indiciamento do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e do procurador da República Eduardo Pellela, ex-chefe de gabinete de Janot. ;Talvez eu estivesse cometendo o mesmo erro de Janot e de Pellela, que é o açodamento. Tenho dificuldade em me parecer com aqueles que critico;, comentou.
No novo texto, Marun mantém a recomendação da investigação de Janot e Pellela, inclusive, com quebra de sigilos bancários e telefônicos, mas transfere a decisão ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal. Marun manteve somente os indiciamentos do ex-procurador Marcello Miller e dos empresários Joesley e Wesley Batista e Ricardo Saud.
Além disso, Marun também retirou do texto final as mudanças sugeridas no instituto da delação premiada. O relator defende que o texto, sugerido pelo deputado Wadih Damous (PT-RJ), seja tratado como um projeto de lei. ;Fica claro que precisa ser melhor regulamentado o instituto da delação premiada para que sejam garantidas a transparência e a voluntariedade do delator. Para que o instituto não seja usado com arbitrariedade;, afirma Marun. O peemedebista também ressaltou a importância de acelerar a votação do projeto de abuso de autoridade.
Um dos subrelatores da comissão, o deputado Fernando Francischini (SD-PR) foi um dos principais articuladores para que Marun voltasse atrás.
Delegado da Polícia Federal, Francischini afirma que não faria o sentido o indiciamento quando não há materialidade que comprove os crimes citados. ;Não faz o menor sentido investigar os investigadores e não investigar os bandidos;, comenta. O debate na CPMI segue, mas a votação do relatório está adiada para às 15h por causa da sessão do Congresso que acontece em plenário. Marun quer votar o texto hoje porque assume amanhã o cargo como ministro da Secretaria de Governo do presidente Michel Temer.