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'Nem-nens': 25,8% dos jovens de 16 a 29 anos não estudam nem trabalham

Dados do IBGE mostram que 25,8% dos jovens de 16 a 29 anos não estudam nem trabalham. Negros e pardos são os mais atingidos


Isso se reflete na condição de vida das brasileiras, já que 34,6% delas responderam ;ter que cuidar dos afazeres domésticos, do(s) ou de outro(s) parente(s); quando questionadas do por que não procuram uma ocupação. Para terem seu ;ganha pão;, porém, 92,1% das jovens ;nem-nem; afirmam cuidar de moradores do domicílio ou parentes e afazeres domésticos.

A realidade do jovem brasileiro não é fácil, já que 39,6% afirma ter começado a trabalhar até os 14 anos, principalmente no grupo que tem o ensino fundamental incompleto. Trabalhadores negros ou pardos representam 42,3% dos que começaram a trabalhar cedo, contra 36,8% dos brancos ; com homens (45%) começando mais cedo que mulheres (32,5%).

O economista e professor de administração pública da Universidade de Brasília (UnB) José Matias-Pereira avalia que os dados são preocupantes. ;Os jovens são os mais afetados, porque não têm experiência, os especializados são os últimos a serem demitidos. E perdem duas vezes. Perdem na retomada com pessoas competindo com mais capacidade e sem oportunidade de ingressar no mercado de trabalho.;

Principais pontos


Confira alguns dados da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2017 ; SIS 2017, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):

; Desemprego

Nos últimos quatro anos, o número de jovens (16-29 anos) que não estavam ocupados e nem estudavam (os chamados
;nem-nens;) chegou 25,8% dessa faixa etária. São 11,6 milhões de pessoas nessa situação. O nível de ocupação desse grupo etário diminuiu de 59,1% (2012) para 52,6% (2016). Entre os homens, 60,5% têm algum tipo de ocupação. O percentual cai para 44,8% entre as mulheres. O Amapá é o estado que lidera o ranking de taxa de desocupação.

; Empregos formais

Apesar de a taxa de empregos formais ter recuado 0,3%, 33,9% dos jovens estão inseridos no comércio e na reparação; ou na indústria (28,7%).

; Menor renda

A faixa etária de 16 a 29 anos é a que teve a menor renda, com
R$ 1.321, o que equivale a uma queda de 1,5% em seu rendimento médio real. Os ganhos são inferiores à média nacional (R$ 2.021).

; Pobreza extrema

Os dados mostram que, em 2016, 12,1% das pessoas vivem em situação de pobreza extrema, sobrevivendo com até 25% abaixo do mínimo (que, na época, era R$ 880). São 24,8 milhões de brasileiros. Negros e pardos representam 72,9% de pessoas em situação de pobreza. E as mulheres são as que mais sofrem com essa realidade, já que, das pessoas atingidas, 33% são homens negros e 34,3% mulheres negras. Esse número se contrapõe aos 15,3% e 15,2% de homens e mulheres brancos registrados, respectivamente.


*Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca