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Reforma da Previdência: governo tem três semanas para conseguir 308 votos

Planalto trabalha para chegar em 15 de janeiro com os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência na Câmara. Hoje, governo conta com 267 adesões à PEC, mas são necessárias 308. Pressão inclui liberação de empréstimos aos governos estaduais

Rodolfo Costa
postado em 27/12/2017 06:52
Marun:
Três semanas para garantir a reforma da Previdência. Ministros e líderes da base aliada estabeleceram o prazo de 15 de janeiro para chegar ao número de apoios necessários para colocar a proposta de emenda à Constitucional que muda as regras de aposentadoria em votação em 19 de fevereiro. A meta é chegar de 315 a 320 votos.

As articulações estão sendo encampadas pelo presidente Michel Temer, pelo ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, e pelo vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP). Ontem, os três se reuniram para discutir a agenda e as estratégias de negociações durante o fim de ano e janeiro. Entre as táticas adotadas, está obrigar partidos aliados, como PSD e PR, a fechar questão pela votação.

O plano do governo prevê, ainda, ligações diárias para deputados, ressaltou ontem Mansur. ;O que ele (Temer) está pensando é buscar votos. Logicamente é importante obrigar os partidos a fechar questão, e, lógico, fazer ;tete a tete; mesmo por telefone, pois parlamentares não estão aqui. Mas vamos conversar com eles para que possamos buscar votos;, afirmou.

Atualmente, o governo conta com 267 votos. Número ainda bem abaixo para atingir os 308 necessários para aprovar a proposta na Câmara dos Deputados. A ideia é que, com as articulações diárias, essa força-tarefa levante nos próximos dias junto aos líderes o novo placar para, daqui a três semanas, ter um número definitivo da quantidade de parlamentares que apoiam a proposta.

[SAIBAMAIS];A gente tem aí, teoricamente, até 45 dias de trabalho intenso para poder conversar com os parlamentares. Conversei com o Marun para podermos concentrar esse trabalho de números e ver quais são os anseios para a gente poder ir fechando os apoios dos diversos partidos;, destacou Mansur. O vice-líder do governo admitiu que há pendências a serem discutidas. ;São pendências normais. Muita gente reclamando de pendências passadas, que precisam ser cumpridas. Essa questão de emendas, de espaço político etc. São coisas que precisam ser cumpridas, de alguma forma.;

Empréstimos

O governo federal colocou ainda novas fichas na mesa de negociações pela reforma da Previdência. Depois de conseguir apoio de empresários e prefeitos, o Palácio do Planalto agora negocia o desbloqueio de empréstimos protocolados pelos governos estaduais na Caixa Econômica Federal em troca do suporte de governadores.

A estratégia foi encampada por Carlos Marun. O ministro pinçou pedidos de empréstimos oficializados por governadores na Caixa para negociar nome a nome. As prioridades são os estados que já têm recursos a serem liberados. ;Financiamentos da Caixa são ações de governo. Se não, um governador poderia tomar esses financiamentos em bancos privados. Ou na Caixa ou no Banco do Brasil ou no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Nesse sentido, entendemos que deve, sim, ser discutido com os governadores uma reciprocidade para que seja aprovada a reforma da Previdência por uma questão que entendemos ser importante para o Brasil;, afirmou o ministro.

O objetivo, de acordo com Marun, é atuar com a ;seriedade e a gravidade que a questão possui;. O ministro ressalta, no entanto, que nem todos os estados já estão com os acordos esquematizados. ;Ainda não temos todos mapeados. No devido momento, vamos mapeá-los. Cada caso é um caso;, declarou.

O ministro avaliou, no entanto, que a estratégia não deve ser encarada como uma forma de chantagem. ;Sendo uma ação de governo, obviamente que o nível de apoio que o governador poder prestar à reforma vai ser realmente considerado nessa questão;, frisou.

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