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Partidos negociam com todos os anunciados e não descartam Lula e Bolsonaro

Com a disputa acirrada entre os nomes dos presidenciáveis de centro, legendas negociam com todos os nomes anunciados até agora - e não descartam nem mesmo Lula ou Bolsonaro. Como moeda de troca, oferecem tempo de televisão e palanques



Por isso, a aparente volatilidade das conversas. ;Eu acho isso natural, estamos na fase de pré-campanha, ninguém é candidato oficial ainda. Eu, por exemplo, na última semana, me encontrei duas vezes com o Rodrigo Maia e uma com o Alckmin;, lembrou o presidente nacional do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SD-SP).

Mas, de fato, impressiona a aparente fluidez das conversas. O PP de Ciro Nogueira e o PR de Valdemar Costa Neto, além do próprio Solidariedade, estenderam tapetes vermelhos para Rodrigo Maia sonhar com o Planalto. O PTB de Roberto Jefferson e o PRB de Celso Russomano sinalizam que estarão alinhados com o candidato a ser escolhido pelo Planalto. E o PSD oscila entre apoiar um voo próprio do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ou apoiar as pretensões presidenciais do tucano Alckmin.


Sinais


O próprio presidente Temer emite sinais ambíguos. Ao mesmo tempo que se sente grato pelo desempenho de Meirelles na Fazenda, afirmou que ele seria mais útil se permanecesse na pasta, em vez de sonhar com uma candidatura presidencial. E demonstrou interesse em aproximar-se de Alckmin, tendo como pano de fundo o desejo de atrair os votos do PSDB para aprovar a reforma da Previdência.

Esse giro, na atual fase, servirá também para decantar quem sobrevive na corrida eleitoral. Na visão do coordenador do Núcleo de Análise Política da Prospectiva, Thiago Vidal, Rodrigo Maia sabe que não tem chance de ser presidente da República. ;Ele não tem capital político nem partidário para isso;, diz. ;O que ele e todos os partidos estão fazendo é vender uma dificuldade para o Alckmin. Os partidos fingem que negociam com Maia para que o Alckmin tenha que pagar mais caro pelo apoio;, avalia Vidal.

O giro que Maia tem feito pelos estados também é um componente de quem busca, no caso dele, a reeleição à Câmara dos Deputados. ;Qualquer deputado que queira ter apoio estadual faz isso. O ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha, fazia muito. Viajava os estados com frequência;, lembra Vidal.