Politica

Eliseu Padilha diz que governo quer candidato que defenda o legado

O ministro-chefe da Casa Civil lembrou que os dois pré-candidatos da base do governo às eleições de 2018 são o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia

Rosana Hessel
postado em 01/02/2018 18:14

Padilha sinalizou que até mesmo a candidatura do presidente Temer não está descartada

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, admitiu que o governo está em busca um candidato forte para garantir a continuidade das reformas que estão em curso e a recuperação da economia e do emprego. "A intenção do presidente é que a base de sustentação do governo tenha uma base com um candidato escolhido e apoiado por todos, para que possa ter a certeza da defesa do que é o grande legado que o governo deixa em várias áreas, e garantir a continuidade dos programas em curso", afirmou ele, nesta segunda-feira (1/2).

Por enquanto, ele lembrou que os dois pré-candidatos da base do governo são o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e, como ambos registraram aprovação baixa na última pesquisa eleitoral, não passando de 2%, Padilha sinalizou que até mesmo a candidatura do presidente Temer não está descartada. "Estamos esperando", disse ele, sem comentar se a alternativa poderia ser o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP). "Muita calma. Temos que esperar. O tempo vai dizer como serão as candidaturas. Vamos ver na base do governo e tentar trazer alguém melhor nas pesquisas", completou.

As declarações de Padilha ocorreram durante a apresentação do balanço das ações do governo de 2017 sobre reforma agrária e agricultura familiar, que, de acordo com a pasta, foi muito melhor do que o registrado durante os governos Dilma e Lula juntos. "O que pretendemos mostrar é que há uma grande diferença entre discurso, prática e ação [dos governos anteriores]. Nós estamos agindo. Temos o discurso de condução paralela entre as áreas econômica e social", afirmou o ministro. "Se nessa área econômica temos números altamente positivos, vamos ter também a área social", completou.

O ministro ainda reconheceu que um impedimento da candidatura do ex-presidente Lula ainda não tem como identificar se ele conseguiria eleger um sucessor no PT. "Vejo as matérias de hoje citando o Jacques Wagner como candidato natural do partido, mas acho que ele receberia mais do que 4% dos votos apontados pelas pesquisas", disse.

Reforma


Padilha afirmou, ainda, que a prioridade do presidente Michel Temer é conseguir aprovar a reforma da Previdência em fevereiro. A votação na Câmara dos Deputados está marcada para o próximo dia 19, e o governo precisa de 308 votos para aprovar a proposta em dois turnos. Assim como o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, o chefe da Casa Civil admitiu que o governo poderá ceder em alguns pontos, menos na idade mínima e na equiparação do teto de R$ 5,5 mil para trabalhadores dos setores público e privado. "O nosso texto é o do relator Arthur Maia, porém, se nos mostrarem por A, B e C que, efetivamente, nos garantam os votos para que a gente possa aprovar, aí é possível que se faça ainda algumas mudanças", afirmou.

Ele ressaltou que o presidente está mostrando que é muito importante a votação da reforma agora em fevereiro. "Se passar de fevereiro, entedemos que não podemos ficar com essa pauta de forma indefinida. Queremos votar em fevereiro e estamos com fé de que vamos construir as condições para aprovar nessa data", disse ele, acrescentando que Temer e seus ministros estão trabalhando muito para atingir esse objetivo. "Temos uma batalha que tem um momento de parar. E esse momento é fevereiro, e estamos fazendo de tudo para ter os votos necessários", completou. Mas, ele não admitiu que, se o governo não conseguir garantir os 308 votos, a reforma será colocada na pauta de votação. "A nossa intenção é votar. Vamos deixar claro que quem faz a pauta é o presidente da Câmara", afirmou.

Padilha contou que Marun é o "porta-bandeira da Reforma" entre os parlamentares, e que ele vai participar apenas das reuniões de líderes. Segundo o ministro, a população está começando a entender a necessidade da reforma, porque ela visa garantir o pagamento do benefício no futuro, para que o país não acabe como Grécia ou Portugal, que precisaram reduzir os valores das aposentadorias. "O governo Temer tem a missão de não ocorrer no Brasil o que ocorreu nesses dois países", disse ele, enumerando vários estados, como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, que estão parcelando salários e aposentadorias porque não conseguem fechar as contas. "Tem que ser feito algo. Passou-se o tempo em que se achava que o governo ou o estado sempre tem solução. Não tem solução. A nossa dívida interna já é de R$ 4,8 trilhões e isso é fruto da irresponsabilidade de como se cuidou das contas país", vociferou.

Na avaliação de Padilha, a mudança de opinião da população sobre a reforma poderá influenciar os deputados. "Como o parlamentar é um representante do povo, presume-se que a mudança ocorrida nas bases de sustentação tenha influência na sua posição aqui no Congresso Nacional, nesse tema que preocupa a todos os brasileiros, tanto os aposentados e os que querem se aposentar", disse ele, lembrando que, em 2024, se nada for feito, o dinheiro será destinado em sua totalidade apenas para pagar salários, aposentadorias e a dotação orçamentária para a saúde e a educação. "Isso é a ingovernabilidade", resumiu.

Ele ainda frisou que a reforma da Previdência não é um problema do governo Temer, mas dos próximos, porque as contas da atual gestão estão definidas.

Ex-futura ministra


Ao ser questionado sobre o desgaste do governo com a nomeação da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) para chefiar o Ministério do Trabalho e ter sua posse impedida pela Justiça devido ao fato de a parlamentar ser réu e condenada em ações trabalhistas, Padilha evitou comentar sobre esse constrangimento. "Podemos abstrair a deputada Cristiane Brasil e o que estamos pretendendo é que o Poder Judiciário e sua última instância defina o que é passível de intervenção ou não", disse. "O ato político de escolha é definido de absoluta responsabilidade do presidente da República", pontuou. "Não discutimos os excessos do Judiciário e a decisão de última instância. Isso não se discute", frisou ele, acrescentando que a maior preocupação do presidente Temer é sobre que decisão poderá tomar quando vencer o prazo de desincompatibilização dos 13 ministros que pretendem lançar suas candidaturas.

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