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Politica

Eleições para deputados e senadores vão renovar menos do que o povo espera

Levantamento feito pelo Diap mostra que regras eleitorais aprovadas por deputados e senadores, no ano passado, aliadas à necessidade dos políticos de manter o foro privilegiado, diminuem as chances das eleições de novos nomes para a Câmara



Na visão do especialista, a crise deste ano não conseguirá mudar os rostos conhecidos. As alterações nas regras para o troca-troca partidário também impactam nesse cenário. A legislação anterior afirmava que, para se candidatar, o interessado precisava filiar-se um ano antes à legenda pela qual disputaria o pleito. Deputados e senadores criaram uma janela, seis meses antes das eleições, entre março e abril. ;Essa nova janela dá ao detentor de mandato e candidato à reeleição enorme vantagem para negociar tratamento privilegiado em seu partido, exigindo a garantia de espaço diferenciado no horário de rádio e TV, além de mais recursos do fundo eleitoral, sob pena de mudar para outro partido que lhe ofereça tais vantagens;, reforçou Queiroz.

Para o deputado Danilo Forte (DEM-CE), que já trocou de legenda duas vezes nos anos recentes, a política brasileira ainda manterá o seu perfil oligárquico. ;Minha grande preocupação é que tudo isso aumente ainda mais o desencanto das pessoas com a política;, disse ele. ;Muitas dessas famílias se perpetuam no poder desde o Império;, completou, citando o caso do relator da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara, Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), parente direto do patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva.

O líder do governo na Câmara, Agnaldo Ribeiro (PP-PB), acha que o ímpeto de renovação não significa um futuro melhor do que o presente. ;O novo nem sempre será melhor do que aquele parlamentar que o eleitor já conhece. É fundamental que as pessoas votem com uma visão analítica e não apenas pela emoção;, afirmou ele.